Cerca de 5 mil pessoas que sofreram infarto deixaram de receber atendimento na Inglaterra por causa da pandemia, aponta estudo britânico
Número considera dados até o mês de maio. Pesquisa foi publicada na revista científica ‘The Lancet’ nesta terça-feira (14). No Brasil, especialistas também já haviam alertado para o problema. Enfermeiras cuidam de paciente em UTI para pacientes com Covid-19 em Surrey, na Inglaterra, no dia 22 de maio.
Steve Parsons/Pool via Reuters
Cerca de 5 mil pessoas que sofreram infarto na Inglaterra deixaram de receber atendimento médico até o mês de maio por causa da pandemia de Covid-19, aponta um estudo feito por várias universidades britânicas, incluindo a Universidade de Oxford, publicado na revista científica “The Lancet” nesta terça-feira (14).
O primeiro caso de Covid-19 na Inglaterra foi registrado no dia 31 de janeiro. Em março, as internações por problemas cardíacos já haviam caído 35%, segundo dados do NHS, o serviço público de saúde britânico, analisados pelos cientistas.
Naquele mês, a cada 3 pessoas que deveriam ter procurado atendimento médico por infarto (segundo as médias anteriores), apenas 2 o fizeram, aponta a pesquisa.
“Nosso estudo mostra que muito menos pessoas com ataques cardíacos foram ao hospital durante esta pandemia”, explicou Marion Mafham, pesquisadora clínica da Universidade de Oxford e líder do estudo.
As hospitalizações para o tipo mais sério de ataque cardíaco – causado por um bloqueio total de uma artéria que oxigena parte do coração – caíram 23%. Já as internações de pacientes com bloqueio parcial da artéria diminuíram ainda mais: 42%.
A diminuição nos atendimentos de infartos também vem sendo percebida em outros países da União Europeia e nos Estados Unidos, segundo a pesquisa.
Em solo brasileiro, o mesmo problema já havia sido apontado em abril por médicos do Incor (Instituto do Coração), da USP.
Riscos
Pacientes que sofrem um “bloqueio” da artéria que leva oxigênio para o coração têm maior risco de sofrer uma parada cardíaca. Se a artéria estiver completamente bloqueada, a pessoa precisa de um procedimento urgente para liberar a passagem do sangue, além de medicamentos.
Esse procedimento de desobstruição também pode ser necessário mesmo quando o bloqueio é parcial.
“É importante que qualquer pessoa com dor no peito chame uma ambulância imediatamente, porque cada minuto de atraso aumenta o risco de morrer ou sofrer sérias complicações de um ataque cardíaco”, destacou Mafham, pesquisadora de Oxford.
Outro autor, Colin Baigent, também de Oxford, reforçou que, mesmo com a pandemia, as pessoas devem buscar um hospital se tiverem um infarto.
“A verdade é que, ao adiar ou não ir ao hospital, pessoas com ataques cardíacos correm um risco muito maior de morrer por ele do que de pegar o vírus [da Covid-19]”, disse.
Outra autora da pesquisa, a também professora de Oxford Barbara Casadei, ressaltou que as descobertas devem ser levadas em consideração caso haja uma segunda onda de contaminação por Covid-19, à medida que as restrições impostas para tentar conter o vírus vão sendo retiradas ao redor do mundo.
“Sociedades médicas e governos têm a responsabilidade de não apenas informar os pacientes sobre a importância de procurar atendimento adequado, mas também de garantir que um ambiente seguro seja fornecido para pacientes que são admitidos ao hospital por causa de uma emergência cardiovascular”, disse.
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