Homens predominam em mais de 85% nos órgãos em todo o mundo que tomam decisões sobre a COVID-19, mostra pesquisa
Por outro lado, os órgãos com igualdade de gênero representam apenas 3,5% dos casos. Foto de reunião dos estados-membros da OMS, de junho, para discutir a situação do coronavírus mostra predominância masculina.
Reprodução/OMS
Os homens predominam em mais de 85% dos grupos de especialistas, de forças-tarefa e de órgãos consultivos sobre a Covid-19 em todo o mundo, com paridade de gênero em apenas 3,5% dos locais, revela uma análise dos dados publicada na revista científica BMJ Global Health.
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Os autores explicam que, antes da pandemia, haviam vários compromissos globais para se avançar na inclusão de gênero no que diz respeito à governança de órgãos de saúde.
Porém, diante da urgência gerada pela Covid-19, grupos consultivos e painéis de especialistas foram criados rapidamente, sem observar os compromissos com a inclusão de gênero.
Publicada nesta quinta-feira (1), a pesquisa alerta, contudo, que a urgência da situação provocada pelo coronavírus não deveria ser justificativa para não incluir as mulheres nas tomadas de decisão sobre a doença.
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Olivier Hoslet/Pool via AFP
Os autores citam como exemplo os Estados Unidos, onde as mulheres representam apenas 9% da Força-Tarefa do Coronavírus da Casa Branca, mas são 82,5% da equipe de Resposta à Covid-19 da agência americana de saúde, o CDC.
Por outro lado, o estudo ressaltou que os países com mulheres no comando foram associados a respostas Covid-19 particularmente eficazes, com menos casos e menores taxas de mortalidade.
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O levantamento reuniu dados até junho de 2020 de órgãos de decisão e de especialistas globais e nacionais de 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
Consequências
Segundo os pesquisadores, ter maioria de homens tomando decisões sobre a pandemia se tornou um “padrão perturbadoramente aceito de governança da saúde global.”
“Homens que dominam posições de liderança na saúde global têm sido o modo padrão de governar”, afirma o estudo, relacionando esse padrão pouco representativo com maiores chances de reproduzir preconceitos sociais e estereótipos de gênero, sugerem os autores.
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Além da inclusão de gênero, os autores lembram que as forças-tarefas internacionais e nacionais de saúde devem ser mais diversificadas no que também diz respeito à “etnia, raça, cultura, geografia e deficiência dos seus dirigentes”.
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