'Estamos confiantes na segurança da vacina', diz laboratório chinês que desenvolve a CoronaVac
Anvisa suspendeu testes no Brasil na segunda-feira (9) após ‘evento adverso grave’. Diretor do Butantan, que testa o imunizante no país, estranhou decisão e disse que houve um óbito não relacionado à vacina. Segundo o jornalista José Roberto Burnier, da GloboNews, a morte do voluntário não foi causada por doença respiratória. Embalagem da vacina Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac, que será testada em 9 mil voluntários no Brasil
Divulgação/Governo de SP
A Sinovac, farmacêutica chinesa responsável pelo desenvolvimento da CoronaVac, afirmou nesta terça-feira (10) em comunicado que “está confiante na segurança da vacina” contra a Covid-19.
A empresa se pronunciou um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciar a suspensão temporária dos testes da CoronaVac devido a um “evento adverso grave”. A agência, entretanto, não informou a causa específica da suspensão.
Segundo o jornalista José Roberto Burnier, da GloboNews, a morte do voluntário não foi causada por doença respiratória. O paciente, de 33 anos, também não tinha comorbidades.
A Sinovac afirmou que “ficamos sabendo que o chefe do Instituto Butantan acreditava que esse evento adverso grave não tem relação com a vacina”.
A empresa afirmou que o estudo clínico em fase 3 no Brasil “é realizado estritamente de acordo com os requisitos do GCP” (Good Clinical Practice, ou “boas práticas clínicas” em tradução livre).
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A Coronavac é uma das candidatas a vacina contra o coronavírus e é desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Butantan, em São Paulo. Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado.
Butantan estranha decisão
O diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou na segunda-feira (9) ter recebido com estranheza a notícia da suspensão temporária dos testes em humanos da CoronaVac no Brasil.
Segundo Covas, se trata de “um óbito não relacionado à vacina” e, portanto, “não existe nenhum momento [ou motivo] para interrupção do estudo clínico” da fase 3.
Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan, durante entrevista em São Paulo em julho
Amanda Perobelli/Reuters
“Em primeiro, a Anvisa foi notificada de um óbito, não de um efeito adverso. Isso é diferente. Nós até estranhamos um pouco essa decisão da Anvisa, porque é um óbito não relacionado à vacina”, afirmou o diretor do Butantan.
“Como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, podem acontecer óbitos. Nesse momento, [o voluntário] pode ter um acidente de trânsito e morrer. Ou seja, é um óbito não relacionado à vacina. É o caso aqui. Ocorreu um óbito que não tem relação com a vacina”, disse Dimas Covas na TV Cultura.
O diretor também afirmou que o Butantan já pediu esclarecimentos à Anvisa sobre a interrupção e que espera ter mais detalhes na manhã desta terça-feira (10).
Outra morte de voluntário
Em 21 de outubro, um voluntário brasileiro que participava dos testes da vacina de Oxford contra a Covid-19 morreu de complicações da Covid-19. O voluntário tomou um placebo (substância inativa), e não uma dose da vacina.
Os testes foram suspensos, na época, pela própria AstraZeneca, que desenvolve a vacina em parceria com a Universidade de Oxford.
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