'Viveremos semanas muito difíceis', diz Carlos Lula, representante dos secretários de estado da saúde

Nesta quinta-feira (25), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fez reunião com os conselhos de secretários de saúde e disse que estamos em ‘nova etapa’ da pandemia. Secretário de Estado de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, em coletiva de imprensa em São Paulo em dezembro de 2020
Márcio Sampaio
“Temos que ligar o alerta porque viveremos semanas de março e abril muito difíceis. Talvez as mais difíceis”, disse nesta quinta-feira (25) o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, a respeito da aceleração da transmissão da Covid-19 no Brasil.
“Vamos colocar de lado outras disputas e colocar num rumo só pra enfrentar a doença. Todos os estados têm tentado criar mais leitos, mas apenas criar leitos não adianta. A gente precisa também de ajuda da sociedade. A sociedade tem de entender que não é hora de fazer festa, não é hora de estar junto”.
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Wilames Freire, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), também avalia que o país vive um momento “difícil” e “duro”.
“É um recrudescimento dessa pandemia que vem nos desafiar mais uma vez, mas é um momento em que temos que estimular nossas equipes, orientar a população e dizer que não são somente o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais e municipais as responsáveis.”
“Precisamos entender que os meios que temos de enfrentar e diminuir a transmissibilidade desse vírus é adotar medidas restritivas” – Wilames Freire, presidente do Conasems.
Carlos Lula e Wilames Freire fizeram suas declarações após reunião dos conselhos estaduais e municipais de saúde com Eduardo Pazuello, ministro da Saúde.
Pazuello disse que a remoção de pacientes entre estados que enfrentam lotação de unidades de terapia intensiva (UTI) será uma das estratégias usadas para enfrentar o que ele chamou de “nova etapa” da pandemia, marcada pelo alastramento da variante descoberta em Manaus.
Contra o atual aumento de casos, o ministro disse vai atuar com “atendimento imediato na unidade básica de saúde”, “estruturação em capacidade de leitos” e “vacinação”.
“Uma das estratégias com relação a leitos é a utilização de leitos de forma remota. São remoções.” – Eduardo Pazuello, ministro da Saúde.
‘Todo mundo está no seu limite’
Em seu pronunciamento, o presidente do Conass não detalhou as remoções, mas afirmou que há alta ocupação em Santa Catarina, Tocantins, Rondônia, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Paraíba, Maranhão e Sergipe.
“A gente termina a contabilidade tendo feito o transporte de mais de 600 pacientes do Amazonas para outros estados. E mais de 60 de Rondônia. Hoje a gente já teria dificuldade bem maior de fazer esse transporte porque todo mundo está no seu limite. Quase todo o Brasil recebeu pacientes do Amazonas” – Carlos Lula, presidente do Conass.
250 mil mortos
O Brasil ultrapassou a marca de 250 mil mortos devido à Covid-19 nesta quarta-feira (25).
O número foi atingido em meio à falta de uma campanha de vacinação e com as novas variantes circulando. Especialistas citam o ritmo acelerado de transmissão e de mortes, consequência da falta de medidas de isolamento e de restrições impostas pelo Estado.
O registro do primeiro óbito por Covid-19 no Brasil ocorreu em 12 de março, e foram necessários 100 dias para que o número chegasse a 50 mil – marca atingida em 20 de junho do ano passado.
Entre a cifra de 200 mil, atingida em 7 de janeiro de 2021, e a de 250 mil, passaram-se 48 dias. O ritmo das mortes deve continuar acelerando. O país pode atingir 300 mil mortes ainda no mês de março.
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Elcio Horiuchi/G1
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