'Passaporte' para vacinados não tem justificativa no momento, diz OMS
Entidade lembrou que muitas pessoas ainda vivem em países onde vacinas não estão disponíveis e que ainda não se sabe, exatamente, o quanto as vacinas conseguem interromper a transmissão do coronavírus. Seringa é enchida com vacina da Johnson durante imunização em Louisville, no estado americano do Kentucky, nesta segunda-feira (15).
Jon Cherry / Getty Images via AFP
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse, nesta segunda-feira (15), que a estratégia de adotar “passaportes” para que pessoas que já foram vacinadas contra a Covid-19 não está justificada no momento. A ideia dos passaportes é que as pessoas que já foram vacinadas possam frequentar locais como restaurantes, escolas e viajar internacionalmente.
A entidade lembrou que muitas pessoas ainda vivem em países onde vacinas não estão disponíveis e que ainda não se sabe, exatamente, o quanto as vacinas conseguem interromper a transmissão do coronavírus.
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“Temos que ser excepcionalmente cuidadosos, porque agora estamos lidando com uma situação de iniquidade tremenda no mundo, em que a probabilidade de você receber uma vacina tem muito a ver com o país onde vive, a riqueza, a influência que você ou seu governo têm em mercados globais”, disse o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan.
No Brasil, por exemplo, só 3,5 milhões de pessoas já receberam as duas doses de alguma vacina. Esse número representa 4,54% da população prioritária, de 77 milhões de pessoas, e 1,67% da população total.
“Por isso, o Comitê de Emergência da OMS já deixou claro em suas recomendações ao diretor-geral que, neste momento, a requisição de certificação de vacinação como pré-requisito para viagens internacionais não está justificada, já que a vacinação não está disponível de forma ampla o suficiente e está distribuída de forma desigual ao redor do mundo”, afirmou Ryan.
Vacinas e transmissão
A diretora do departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS, Kate O’Brien, destacou que uma das questões é que não se sabe o quanto as vacinas ajudariam a interromper a transmissão do coronavírus.
Até agora, o principal efeito medido das vacinas tem sido em evitar casos graves de Covid-19, e não necessariamente em evitar a transmissão da doença.
“Um dos princípios subjacentes [do passaporte para vacinados] é de que uma vacina teria um efeito muito substancial na infecção, não só na doença”, lembrou O’Brien.
“A quantidade de informação que temos sobre o impacto que elas teriam na transmissão ainda é muito precoce e incompleta. Então nós também consideramos qual seria a intenção de a vacinação ser um requerimento de viagem por fronteiras internacionais”, pontuou.
Ela lembrou, ainda, que não há vacinas aprovadas para pessoas com menos de 16 anos. A vacina desenvolvida pela Moderna, nos Estados Unidos, pode ser aplicada em pessoas com 16 anos ou mais, mas não está disponível no Brasil. Em solo brasileiro, todas as vacinas aprovadas – Oxford, Pfizer e CoronaVac – só podem ser aplicadas a partir dos 18 anos.
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