Anvisa aprova antidepressivo inalável indicado para casos de depressão resistente a tratamentos tradicionais
Aplicação só deve ser feita sob supervisão médica em clínicas e hospitais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta terça-feira (3), o cloridrato de escetamina, um antidepressivo na forma de spray inalável indicado para adultos com depressão resistente a tratamentos convencionais e para pessoas com transtorno depressivo maior (TDM) que tenham pensamentos ou atos suicidas.
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O novo medicamento, segundo a Anvisa, deverá ser administrado exclusivamente em um hospital ou uma clínica especializada e na presença de um profissional da saúde. O remédio tem como base a escetamina (ou esketamina). O princípio ativo tem relação com a cetamina (ou ketamina), um medicamento usado para anestesias.
O laboratório Janssen, que produz o novo antidepressivo, diz que o medicamente é capaz de produzir efeito pouco tempo após a aplicação.
O remédio é apresentado como o primeiro a agir sobre o glutamato, molécula da rede neural, estimulando áreas do cérebro ligadas às emoções, enquanto os antidepressivos tradicionais atuam aumentando a quantidade de neurotransmissores relacionados à sensação de prazer e bem-estar.
Foto divulgada pela Janssen Global Services do spray nasal Spravato
Janssen Global Services via AP
Liberado nos EUA
Nos Estados Unidos, a escetamina inalável está liberada desde março de 2019 e foi considerada uma revolução no tratamento da depressão resistente. O medicamento também é administrado somente sob acompanhamento médico.
À época em que os EUA liberaram o uso do remédio, o médico Pierre de Maricourt, que participou dos testes clínicos de fase 3 no hospital Sainte-Anne de Paris, destacou em entrevista à Agência France Presse a “significativa efetividade e a velocidade de ação da escetamina”.
Maricourt citou que o medicamente age “em poucos dias” enquanto é preciso “de seis a oito semanas para um antidepressivo convencional”.
Depressão resistente
Um terço dos pacientes de depressão não apresentam melhora mesmo após mais de um tratamento com os antidepressivos e terapias disponíveis, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A ciência ainda não conhece totalmente as causas da depressão resistente – assim como as da própria depressão.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 300 milhões de pessoas sofrem de depressão, uma doença que limita a capacidade de uma vida cotidiana normal, mas que tem sua gravidade frequentemente subestimada ou confundida com uma depressão passageira. Os casos mais graves podem levar ao suicídio.
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