Associação de hospitais privados alerta que estoque de três remédios do 'kit entubação' dura mais 4 dias
Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) pede ações urgentes do Ministério da Saúde. Profissional de saúde trata paciente com Covid em UTI do Hospital São Paulo, em São Paulo, no dia 17 de março.
Amanda Perobelli/Reuters
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou nesta sexta-feira (19) uma “carta aberta” na qual pede que o Ministério da Saúde tome medidas urgentes diante do risco de falta de medicamentos para entubação de pacientes com Covid-19 nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Brasil.
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A Anahp disse ter realizado um levantamento em 18 de março junto aos seus associados e constatado que verificou a “clara a escassez de medicamentos essenciais”. A entidade listou seis medicamentos usados no procedimento de entubação, e três deles têm estoque médio de apenas quatro dias.
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“Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias.” – Anahp
A entidade aponta desorganização na aquisição dos medicamentos.
“Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19”, escreveu a entidade.
Anvisa busca fornecedores
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, disse que busca novos fornecedores. Além disso, se comprometeu a divulgar nesta sexta-feira (19) “medidas regulatórias emergenciais para enfrentar a escassez de medicamentos para entubação e suporte ventilatório de pacientes graves”.
Veja abaixo a íntegra da carta
“CARTA ABERTA
RISCO IMINENTE DE FALTA DE MEDICAMENTOS PARA PACIENTES COM COVID-19
A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão.
Há um ano, o Brasil tem se mobilizado para o enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). A saúde, sem dúvida, é um dos setores mais afetados pela pandemia, e tem se deparado com vários desafios importantes.
Um dos mais graves, neste momento, é a iminente escassez de medicamentos necessários para atendimento aos pacientes graves acometidos pela Covid-19, bem como a requisição desses medicamentos pelas secretarias municipais de saúde e pelo Ministério da Saúde.
Em levantamento realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), junto aos seus associados, no dia 18 de março de 2021, ficou clara a escassez de medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19, especialmente os sedativos necessários para entubação. Alguns destes medicamentos têm estoque médio de apenas quatro dias, como é o caso do propofol e cisatracurio.
Estoque atual:
Propofol – 4 dias
Cisatracurio – 4 dias
Atracúrio – 4 dias
Rocuronio – 9 dias
Midazolam – 14 dias
Fenatanila – 19 dias
Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias. Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público– agravando a situação do sistema de saúde brasileiro.
Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19.
Assim sendo, solicitamos ao Ministério da Saúde e demais órgãos competentes atenção urgente em relação à esta questão crítica que a saúde está vivendo, colocando em risco a vida dos pacientes.
Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)”