Brasil vive quarta onda da pandemia, diz diretor da OMS
Mike Ryan afirmou que país precisa controlar a transmissão do coronavírus em nível local. Mais cedo, Fiocruz afirmou que SUS enfrenta pior momento desde o início da pandemia. Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Christopher Black/OMS
O diretor-executivo de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, expressou preocupação com a situação do coronavírus no Brasil e afirmou que país vive quarta onda da pandemia.
“Esta é a quarta onda da pandemia, acredito, no Brasil”, disse Ryan ao comentar nesta sexta-feira (26) a alta nos casos e mortes pela Covid-19 no país.
“Não houve um ponto do país que não tenha sido afetado de forma grave pela pandemia”, lembrou.
Mike Ryan afirmou que é urgente o país controlar a transmissão em nível comunitário, uma vez que o país enfrenta alta transmissão já há um tempo muito prolongado.
“Isso [controlar a transmissão] é muito difícil em países populosos como o Brasil, onde a pessoa vive com outras gerações da famílias dentro da mesma casa”, ponderou o dirigente, “mas muitas regiões regiões no Brasil passam por alta transmissão já há muito tempo”, disse.
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Na quinta-feira (25), o Brasil registrou um novo recorde de mortes pela Covid-19: foram 1.582 mortes pela Covid-19 registradas na quinta-feira (25), segundo o consórcio de veículos. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 1.150. É o segundo recorde seguido registrado nessa média.
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O recorde anterior de número de mortes em 24 horas foi registrado em 29 de julho do ano passado, quando chegou a 1.554.
Acelerar vacinação
Ainda nesta sexta, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon, alertou é necessário aumentar a produção das vacinas contra Covid-19 e acelerar sua distribuição.
“Agora é a hora de usar todas as ferramentas para aumentar a produção [das vacinas contra Covid-19], incluindo licenciamento e transferência de tecnologia e, quando necessário, isenções de propriedade intelectual”, pediu Tedros.
“Também é importante lembrar que, embora as vacinas sejam uma ferramenta muito poderosa, elas não são a única ferramenta. Ainda precisamos acelerar a distribuição de diagnósticos rápidos, oxigênio e dexametasona”, complementou o dirigente.
Tedros lembrou que o Covax, aliança internacional dirigida pela OMS, entregou o seu primeiro lote na quarta-feira (29). O país escolhido para receber as primeiras vacinas foi Gana.
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“Fizemos bons progressos, mas eles são frágeis. Precisamos acelerar o fornecimento e distribuição de vacinas contra a Covid-19, e não podemos fazer isso se alguns países continuarem a abordar fabricantes que estão produzindo vacinas com os quais o Covax está contando”, disse.
No começo da semana, Tedros afirmou que o Covax enfrenta dificuldades em adquirir vacinas por causa dos contratos que países ricos estão fazendo com os fabricantes.
O Covax, uma coalizão de mais de 150 países criada para impulsionar o desenvolvimento e a distribuição das vacinas contra a Covid-19 – entre eles o Brasil, tem acordo com o Instituto Serum de 1,1 bilhão de doses das vacinas Oxford/AstraZeneca e Novavax.
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