ButanVac: início de estudos na USP de Ribeirão Preto é aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
Órgão avaliou proteção de voluntários participantes dos testes, que serão realizados no Hospital das Clínicas. Pesquisa será realizada com 418 pessoas com mais de 18 anos. Butantan, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan
Getty Images/Via BBC
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), do Ministério da Saúde, aprovou o início dos estudos da ButanVac, vacina 100% brasileira contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan, no Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto (SP).
A informação foi confirmada ao G1 na manhã desta quinta-feira (1º) pelo coordenador da Conep, Jorge Venâncio. Segundo ele, a avaliação da comissão, que é paralela à análise já realizada pela Anvisa, consistia em verificar a segurança médica e os direitos dos voluntários da pesquisa.
“O foco da Anvisa é proteger quem vai consumir o medicamento ou a vacina depois da aprovação dela. (…) O foco da Conep é distinto: é olhar para a proteção de quem está na pesquisa propriamente”, explica.
VÍDEO: Veja como é produzida a vacina Butanvac
De acordo com Venâncio, a comissão que aprovou a segurança dos estudos conta com cerca de 50 integrantes, que avaliavam os detalhes da pesquisa com a ButanVac desde 22 de junho.
“São cinco etapas por que todo projeto passa: tem a checagem documental, para ver se a documentação está toda correta, depois é elaborada uma nota técnica pela nossa assessoria, depois vai para a relatoria que faz um parecer, vai para a câmara [técnica], e depois tem uma revisão final do parecer. E nas duas tramitações todas as etapas foram cumpridas perfeitamente”, diz o coordenador da Conep.
Entenda como será o estudo da ButanVac
Ao todo, 93,7 mil pessoas fizeram o pré-cadastro, mas apenas 418 pessoas com mais de 18 anos vão participar da pesquisa.
A assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas informou ao G1 que ainda não foi comunicada oficialmente sobre a aprovação. A reportagem também aguarda um posicionamento do Instituto Butantan nesta quinta-feira sobre o que ainda falta para o início efeito da pesquisa.
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Fase 1 em Ribeirão
A autorização para os testes em seres humanos foi concedida pela Anvisa em 9 de junho.
A fase 1 tem como objetivo avaliar se a vacina é segura e a seleção de dosagem. O estudo está previsto para durar até 17 semanas e tem coordenação do hematologista e diretor do Hemocentro, Rodrigo Calado.
A primeira etapa será a única com administração de placebo, segundo o Butantan. Depois, os testes vão analisar a resposta imunológica do organismo com a apresentada por outros imunizantes, inclusive a CoronaVac.
‘Cultivo em ovo’, técnica por trás da Butanvac
Reprodução
Como é feita a ButanVac
A ButanVac é a primeira vacina contra a Covid-19 produzida no Brasil sem que seja necessária a importação de matéria-prima.
Os insumos básicos são ovos de galinha, frascos e embalagens, os mesmos usados para fazer a vacina da gripe. Estima-se que cada ovo tenha material suficiente para produzir duas doses de vacina.
Em cada ovo é injetada uma pequena quantidade do vírus da “doença de Newcastle”, um mal aviário inofensivo em humanos geneticamente modificado para receber a estrutura do coronavírus e estimular a produção de anticorpos contra a Covid-19 no organismo humano.
A técnica, em tese, permitiria a produção de vacinas ainda mais eficazes contra novas variantes, uma vez que se pode escolher de qual cepa será retirada a proteína do vírus.
O trabalho com os ovos também permitiria a independência de importação de insumos da Índia e da China, barateando e acelerando a produção de um imunizante.
Como agora já existem vacinas disponíveis e comprovadas contra a Covid-19, a ButanVac precisará ter sua eficácia testada em relação a esses imunizantes.
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