Ciência, inteligência artificial, políticas públicas: a longevidade nos livros
Autores chamam a atenção de governos e empreendedores para necessidades não atendidas dos mais velhos Livros sobre o envelhecimento saindo do forno. Ou ainda em pré-venda, com lançamento previsto para o começo do ano que vem – um bom sinal de que o assunto está em alta. O painel “Longevity: read all about it” (“Longevidade: leia tudo sobre o tema”) era parte do seminário on-line, realizado de 9 a 13, que foi objeto da coluna do dia 19. O moderador foi Andrew Scott, professor de economia da London Business School e ele próprio autor de uma obra que estará disponível em dezembro: “The new long life” (“A nova vida longa”). Anna Dixon, presidente do Centro para Envelhecer Melhor, no Reino Unido, lançou “The age of ageing better? – a manifesto for our future” (“A era para envelhecer melhor – um manifesto para nosso futuro”) em junho. O livro, segundo a autora, pretende “desafiar a narrativa negativa sobre a velhice, dando ênfase às ações que visem a transformar o envelhecimento numa fase na qual possamos viver prazerosamente”. Na sua opinião, a sociedade terá falhado se não se mobilizar para atender às mudanças do perfil demográfico da população: “os governos têm que focar em políticas públicas que possibilitem que idosos longevos vivam decentemente”.
Andrew Steele: “com as terapias gênicas, será possível curar uma doença mudando uma única letrinha do DNA”
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Físico e especialista em biologia computacional, que usa tecnologia para resolver problemas da biologia, Andrew Steele escreveu “Ageless – the new science of getting older without getting older” (“Sem idade: a nova ciência de envelhecer sem ficar velho”), previsto para março de 2021. Diz que, como cientista, se entusiasma com o potencial desse campo de conhecimento. “Não há uma data para a cura de senescência, mas são muitas frentes de pesquisa. Com as terapias gênicas, será possível curar uma doença mudando uma única letrinha do DNA utilizando o CRISPR (um sistema de edição genética). É algo para daqui a cinco, dez anos, muitos dos idosos estarão vivos para se beneficiar”, afirma. Para ele, a principal barreira é financiamento: “a biogerontologia, ou seja, a biologia do envelhecimento, ainda tem pouca visibilidade. Os investimentos se concentram no câncer. No entanto, é o envelhecimento que leva ao câncer, às doenças coronarianas, às demências. Deveria interessar aos governos, empreendedores e filantropos”, acrescentou.
A empreendedora social Tina Woods, autora de “Live longer with AI” (“Viva mais com a inteligência artificial”), publicado em setembro, é uma defensora da tecnologia para trazer qualidade de vida aos idosos: “a inteligência artificial está em todos os lugares e será usada maciçamente nos cuidados de saúde. Pode ser a peça chave para mudanças no estilo de vida. Além disso, drogas poderão ser personalizadas. A indústria de seguros deveria estar interessada em investir para que as pessoas tenham ferramentas para manter a saúde pelo maior tempo possível”. Por último, Andrew Scott também falou sobre seu livro, em nova parceria com Lynda Gratton. Os dois abordam as muitas questões relacionadas à longevidade: como manter a saúde; se preparar para a aposentadoria; e o que fazer com o bônus de uma existência estendida.