Congresso Brasileiro de Geriatria debate a importância das vacinas

“Imunização é uma das maiores aliadas do envelhecimento saudável e sustentável”, diz especialista O XXII Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia foi realizado virtualmente semana passada, de quinta a sábado, com quatro mil inscritos. Na abertura, o diretor científico da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), Renato Bandeira de Mello, lamentou que estejamos vivendo “diversas epidemias ao mesmo tempo: além da viral, também de falsas informações e de falta de empatia”. Na palestra intitulada “12 meses de pandemia: o que aprendemos?”, a pneumologista Margareth Dalcolmo apresentou um slide que reproduzia texto da respeitada revista científica “Science”, datado de 30 de maio de 1919: “influenza é uma doença da multidão” (“influenza is a crowd disease”). Valia para a gripe espanhola e vale para a Covid-19, apesar do negacionismo do governo Bolsonaro.
Vacinas: solução para controlar a pandemia e seguras para os idosos
Wilfried Pohnke para Pixabay
Ela festejou o que chamou de “intensa curva de aprendizado” que se deu desde o início da pandemia: “aprendemos que as boas práticas de terapia intensiva reduzem a mortalidade. Que a intubação precoce nem sempre é necessária. Que a ventilação não invasiva é eficiente. Que a transferência de plasma de convalescentes vem apresentando resultados e que as experiências com soro equino têm bom potencial”. No entanto, alertou: assistiremos ao crescimento de um novo campo na medicina dedicado à reabilitação dos pacientes de Covid, devido às inúmeras sequelas – de respiratórias a neurológicas – que a doença provoca. “A contenção da pandemia se dá com medidas não farmacológicas, como lockdown e distanciamento, mas a solução será através das vacinas”, enfatizou no encerramento.
O assunto voltou à berlinda na sexta-feira, em mesa-redonda de especialistas. Sabemos que o sistema imune vai se alterando com o passar dos anos e se tornando menos eficaz no combate aos “invasores”, como vírus e bactérias. Trata-se da imunossenescência, que já foi tema do blog, mas este de quadro de alterações imunológicas observadas durante o envelhecimento não deve ser encarado como um empecilho à vacinação.
A médica Maisa Kairalla, presidente da comissão de imunização da SBGG, foi assertiva: “a imunossenescência é um processo natural da existência e não se pode esquecer que há fatores ambientais e sociais que tornam os idosos um grupo muito heterogêneo. A imunização é uma das maiores aliadas do envelhecimento saudável e sustentável”. Basta lembrar que mais de 70% dos óbitos ocorrem na faixa etária acima dos 60 anos. Mesmo superando a Covid-19, um idoso saudável pode se tornar extremamente frágil devido às sequelas da doença. E, como lembrou o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, as vacinas utilizadas no Brasil são seguras até para imunocomprometidos, como pacientes de câncer, por serem inativadas.
