Entidade diz que Brasil tem 15 milhões de testes de Covid que podem vencer até março de 2021
Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial apurou que, além dos 6,8 milhões de testes de Covid-19 parados no Ministério da Saúde, outros 8 milhões estão com fabricantes e importadores. Vencimento vai de novembro a março de 2021; Anvisa pode determinar extensão. Agente de saúde faz teste PCR em aluna de escola estadual em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, no dia 15 de outubro.
Amanda Perobelli/Reuters
Um levantamento feito pela Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) divulgado nesta sexta-feira (27) aponta que há ao menos 15 milhões de testes de Covid-19 perto do prazo de validade no Brasil. As datas de vencimento vão deste mês até março de 2021.
O número de 15 milhões abrange testes rápidos de anticorpos, testes laboratoriais de sorologia e os exames do tipo PCR, considerados o padrão “ouro” para diagnóstico da doença. Estes últimos representam 60% dos exames com data de vencimento próxima, segundo a CBDL (veja gráfico).
Dos 15 milhões de testes, 6,8 milhões são exames do tipo PCR que estão em um armazém do Ministério da Saúde, conforme revelou o jornal “O Estado de S. Paulo” no último domingo (22) (veja vídeo abaixo).
Os outros cerca de 8 milhões estão com fabricantes, importadores ou laboratórios privados associados à câmara que já adquiriram os testes, afirma o presidente da CBDL, Carlos Eduardo Gouvêa.
Ele frisa que podem existir ainda mais testes com data de vencimento próxima no país sobre os quais a entidade não tem conhecimento – ou com empresas associadas que não responderam ao levantamento ou com empresas que têm testes próximos de vencer e não são associadas à CBDL. A organização representa de 70% a 80% das empresas do ramo, segundo Gouvêa.
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“Acho que ainda tem grandes empresas dentre os nossos associados que não falaram – porque estão esperando pra ver onde vai chegar e não queriam abrir o número no momento”, avalia Gouvêa.
O presidente da entidade acrescenta, ainda, que, durante a pandemia, várias empresas que não eram do segmento de testes diagnósticos importaram os exames. “Esse número não tenho como ter ideia”, afirma.
“Esse número de 15 milhões é conservador… e já assusta”, diz Carlos Eduardo Gouvêa. Ele estima que o prejuízo de descartar todos os exames seria de R$ 1,5 bilhão.
Extensão do prazo de validade
Agente de saúde testa mulher para Covid-19 na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro.
Pilar Olivares/Reuters
Há discussões em andamento com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para estender a data de vencimento dos testes. Isso porque, em março, a agência aprovou uma resolução que estabeleceu o prazo de validade preliminar (cartorial) de 6 meses para os exames.
A medida foi feita por precaução, até que estudos sobre a estabilidade dos exames pudessem comprovar que eles continuariam eficazes após esse período. Se esses estudos fossem feitos, o prazo de validade dos testes poderia ser estendido.
Na quarta-feira (25), o Ministério da Saúde anunciou que a fabricante coreana Seegene atestou a extensão, por mais quatro meses, da validade dos 6,8 milhões de testes que estão parados com a pasta. O relatório deverá ser encaminhado à Anvisa para avaliação técnica.
Segundo Gouvêa, da CBDL, uma reunião da entidade com a Anvisa está marcada para a próxima quinta-feira (3) para discutir a extensão dos prazos de validade dos exames.
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