Laços rompidos: a dor de ver os filhos se afastarem
Mantenha proximidade dos amigos e foque em atividades prazerosas que não dependam deles Converso com uma amiga que abre seu coração para confidenciar que se divide entre a perplexidade e a tristeza depois de o filho expressar todo o rancor que sente por ela. Na avaliação dele, a mãe sempre foi uma crítica severa dos seus atos, nunca reconhecendo seu esforço. A “vingança”? Agora que se tornou pai, dificulta ao máximo os encontros com a neta de pouco mais de um ano. No entanto, continua recebendo ajuda financeira dela, uma executiva bem-sucedida que se aposentou recentemente.
Ainda sob o impacto da revelação, me deparo com um fórum de mães em situação semelhante e seguro as lágrimas ao ler os depoimentos. São mulheres que foram privadas do amor, da convivência, do carinho, embora nem sempre haja um rompimento formal. “Eu sou uma mãe fantasma. Meu filho e sua esposa moram em outro estado e não participam de nenhuma atividade familiar há 12 anos. Quando vêm à cidade, nos encontramos num rápido café da manhã”, conta uma delas.
Filhos que se afastam: mantenha proximidade dos amigos e foque em atividades prazerosas que não dependam deles
Arek Socha para Pixabay
Outra diz que, depois de se casar de novo, foi rejeitada pelos filhos: “tentei alimentar o relacionamento e buscar respostas para a mudança, mas foi inútil. Desisti de lutar e fico feliz de ter o amor de meu marido para me dar forças”. Uma terceira relata que o marido tem três filhas do primeiro casamento que cortaram relações com ele: “estamos na casa dos 60 e fomos privados do prazer de conviver com netos. Vamos morrer sozinhos”. Num depoimento melancólico, mas sereno, uma participante afirma que, por mais que tenha se esforçado para ser uma boa mãe e avó, foi gradativamente sendo “cancelada” de eventos familiares, como festas e férias: “meus filhos preferem a companhia de amigos e, mesmo quando vêm almoçar na minha casa, é sempre na correria. É claro que me entristeço, mas me lembro de um ditado que minha mãe sempre repetia: ‘onde vocês estão, eu já estive; onde estou, vocês estarão’”.
Talvez o motivo do afastamento nunca venha à tona, principalmente porque nem todos têm acesso ou se dispõem a fazer terapia. Não existem pais e mães perfeitos e errar faz parte do processo. Você pode ter rebobinado o filme em sua cabeça infindáveis vezes sem encontrar uma razão. Se, além disso, as chances de reverter a situação são remotas, está na hora de aprofundar-se no autocuidado, como explica a assistente social e coach Linda Ward, autora de “Crazy simple steps to feeling better” (numa tradução livre, “Passos incrivelmente simples para se sentir melhor”). Algumas sugestões:
1) Mantenha distância desse filho ou filha adulto; o tempo pode ajudar;
2) Tendo condições, procure o apoio de um terapeuta;
3) Se ainda tiver um canal de comunicação, ouça, ouça, ouça. Falar será terapêutico para eles;
4) Fique próxima dos amigos e peça ajuda a eles em datas especialmente sensíveis, como aniversários ou eventos que envolvam os netos;
5) Como você não tem controle sobre a situação, foque em atividades prazerosas que não dependam deles: adote um animal de estimação, cultive um hobby, torne-se voluntária (o);
6) Escreva cartões e bilhetes para os filhos e netos. Se achar que eles não estão recebendo, guarde-os em algum lugar onde possam ler mais tarde em suas vidas;
7) Permita-se aproveitar os bons momentos. Eventuais erros do passado não devem envenenar o resto da sua existência.