Lojas Americanas, B2W e Via Varejo desabam mais de 5% com possível alta dos juros
As ações de Lojas Americanas (LAME4), B2W (BTOW3) e Via Varejo (VVAR3) ficaram na lanterna do Ibovespa no pregão desta terça-feira, recuando 5,7%, 5,25% e 4,85% respectivamente.
As quedas dão continuidade a um movimento de correção nos papéis, repercutindo um cenário de maior risco para as varejistas de e-commerce, à medida que o mercado se aproxima de uma elevação da taxa Selic na semana seguinte. Muitos analistas projetam uma alta já para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, marcada para os dias 16 e 17 de março.
“O receio é de que as taxas de juros no Brasil subam mais rápido do que o esperado para controlar a pressão inflacionária diante da desvalorização cambial, que tende a ser acelerada com a alta nos juros americanos”, afirma Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.
A consequência é uma debandada dos papéis de empresas de tecnologia, inclusive e-commerce. Isso porque o crescimento acelerado dessas empresas depende de financiamentos que, por sua vez, tendem a ficar mais caros com os juros mais elevados.
“Além disso, o fluxo de caixa dessas companhias está em grande parte projetado para um futuro mais longínquo. Dessa forma, ao trazê-lo a valor presente, com juros mais altos, as empresas passam a sofrer um maior desconto na sua precificação, o que fortalece a queda dos preços atuais”, argumenta Brum.
Outro ponto é que o aumento da taxa de juros pode minar o poder de compra dos investidores, que foi sustentado no ano passado em parte pelo auxílio emergencial. Soma-se a isso o avanço da pandemia no Brasil, que impacta o setor de varejo.
“Não se sabe se o país passará por outros lockdowns e de que maneira isso deve impactar a economia. Mesmo varejistas com resultados sólidos sofrem as consequências dessa incerteza”, destaca Marcio Loréga, analista técnico da Ativa Investimentos.
Já no caso específico de Lojas Americanas e B2W, existe uma última preocupação no radar dos investidores: a expectativa de fusão entre os negócios, que ainda não se concretizou.
“O mercado acabou pagando na frente sobre essa fusão. Tanto é que no dia do anúncio LAME4 subiu quase 20%. Dali pra cá, as duas ações caíram porque não foram apresentadas novas informações e nem um prazo pra essa fusão na apresentação do resultado do 4T20 das companhias”, afirma Luis Mollo, analista da EXAME Invest Pro.
Entre as quatro maiores varejistas do país, a única que escapou do campo negativo no pregão desta terça-feira foi Magazine Luiza (MGLU3). Os papéis do Magalu avançaram 1,26% na esteira dos bons resultados corporativos apresentados ontem.