Médicos Sem Fronteiras tentam atender índios de 11 aldeias de MS, mas só têm permissão para ir a uma
Organização humanitária fez projeto inicial para atender 7 comunidades e agora prepara plano de trabalho para mais 4. São 18 mortes por Covid-19 entre indígenas de Aquidauana. Atendimento médico na aldeia Aldeinha
G1 MS
A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) quer ajudar índios de 11 aldeias terena da região de Aquidauana e Anastácio, em Mato Grosso do Sul, no combate à Covid-19. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde, autorizou em apenas uma. Os caciques já permitiram o atendimento da organização.
Segundo a prefeitura de Aquidauana, são 648 casos de infecção pelo novo coronavírus nas comunidades indígenas, com 18 óbitos. Mesma quantidade entre moradores não índios. O avanço da Covid-19 entre os índios preocupa as autoridades em Saúde do estado, que tentam viabilizar os trabalhos dos Médicos Sem Fronteiras.
Diante da negativa do ajuda dos profissionais, o advogado Eloy Terena, que representa as aldeias, disse que já acionou Ministério Público Federal (MPF). “Os Médicos Sem Fronteiras não precisam da autorização da Sesai para fazer atendimento humanitário. Isso depende dos caciques. Os caciques já autorizaram. Mas é fundamental que eles tenham o apoio do estado. E aí, a Sesai, neste contexto de pandemia, negando auxílio humanitário. Vamos representar contra o secretário [da Sesai] para que seja apurada essa conduta”.
Os Médicos Sem Fronteira explicam que primeiramente conheceram a região e disto saiu um projeto para atendimento a sete aldeias que somam cerca de 5 mil pessoas, “com foco na prevenção e detecção de casos suspeitos de Covid-19, encaminhamento dos doentes para tratamento e apoio em saúde mental para comunidades e trabalhadores de saúde locais”.
No entanto, a Sesai autorizou apenas atendimento a índios da comunidade Aldeinha, em Anastácio. Diante disso, a organização vai apresentar outro plano de trabalho, que inclui as sete primeiras, a Aldeinha e outras três, chegando a 6 mil pessoas.
A Sesai informou ainda que para a dar a permissão de atuação, ao menos na Aldeinha, aguarda informações pessoais dos profissionais que irão trabalhar, como nome, CPF e os registros profissionais, incluindo-se o CRM para os médicos, para autorização.
Até poucos meses atrás havia apenas um médico para cuidar de uma população indígena de cerca de 11,6 mil pessoas na região de Aquidauana e Anastácio. A prefeitura de Aquidauana chegou a designar equipes para uma força-tarefa junto aos índios da região e decretou lockdown.
Mato Grosso do Sul chegou a 40.201 infectados com o novo coronavírus. São considerados casos ativos da doença no estado, 7.298, sendo que 6.767 infectados estão cumprindo isolamento domiciliar e 531 estão internados, sendo 240 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s).