O rosto do movimento feminista vai fazer 87 anos
Gloria Steinem é retratada em filme por Julianne Moore e Alicia Vikander O fato de os EUA terem Kamala Harris como a primeira vice-presidente mulher e negra tem muito a ver com a militância feminista de Gloria Steinem, que vai completar 87 anos em março e continua na ativa. Felizmente, para os mais jovens – e todos que estiverem com a memória enferrujada – agora é possível conhecer melhor essa trajetória fascinante: o filme “As vidas de Gloria” (“The Glorias”) é baseado em sua autobiografia, “Minha vida na estrada”, e está disponível em streaming.
Julianne Moore interpreta a jornalista, escritora e ativista Gloria Steinem na maturidade
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Dirigido por Julie Taymor, que tem na bagagem obras como “Across the universe” e “Frida”, o elenco traz quatro atrizes para viver Gloria: as meninas Ryan Keira Armstrong e Lulu Wilson vivem a protagonista até o início da adolescência, viajando pelo país com uma família disfuncional e cuidando da mãe doente; Alicia Vikander é a Gloria jovem, que passa dois anos na Índia e dá os primeiros passos no jornalismo e na causa feminista; mas é Julianne Moore que reina absoluta na narrativa mostrando a militante em sua maturidade.
Alicia Vikander, como a jovem Gloria, ao lado de Janelle Monáe, que vive a ativista Dorothy Pitman
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O filme apresenta situações nas quais teve que enfrentar o machismo e o assédio sexual nas redações. Gloria se tornou conhecida ao fazer uma longa reportagem sobre as “coelhinhas” da Playboy. Dona de pernas espetaculares, conseguiu um emprego e divulgou as condições degradantes de trabalho das mulheres, que eram obrigadas a fazer exame ginecológico para provar que não tinham doenças sexualmente transmissíveis, enfrentavam longas jornadas se equilibrando em saltos altos e nem sempre recebiam o salário combinado.
Gloria Steinem: em março, a militante feminista completará 87 anos
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Como a mídia tradicional, com todos os cargos de chefia ocupados por homens, rejeitava o feminismo, ela criou, com outras militantes, a revista “Ms.”, em dezembro de 1971, como encarte da “New York Magazine”. Em janeiro de 1972, a publicação já era uma edição autônoma e alcançou enorme popularidade nos anos seguintes – existe até hoje, dirigida pela Feminist Majority Foundation. Quem quiser conferir a Gloria em carne e osso em ação pode assistir à entrevista que concedeu ao TEDWomen em novembro de 2020.
Diz que é preciso celebrar que o movimento, apesar das diferenças de opinião, sempre foi mais unido que dividido. Sobre as conquistas, cita Kamala Harris: “em primeiro lugar, quando mais mulheres assumem o poder, temos a vantagem de usar toda a inteligência humana, em vez de apenas uma porção dela. Além disso, permitimos que as crianças se vejam e se espelhem em diferentes líderes, que representem a diversidade humana”. Em relação à pandemia do coronavírus, afirma que se trata de uma experiência universal cujo aprendizado está sendo desperdiçado: “deveríamos aprender com a Covid a superar a ideia de categorias de seres humanos ou de fronteiras nacionais e entre países. Estamos todos na nave Terra”.