Pesquisadores investigam possível nova linhagem do coronavírus Sars-Cov-2 em circulação no Rio
Estudo publicado no domingo identificou cinco mutações em uma linhagem que já circulava pelo Brasil desde o início do ano; o artigo, publicado como prévia, ainda não foi revisado por outros cientistas. Banhistas frequentam a praia do Arpoador em meio ao surto da Covid-19 no Rio de Janeiro em 20 de dezembro de 2020
Pilar Olivares/Reuters
Pesquisadores brasileiros investigam uma possível nova linhagem do coronavírus Sars-Cov-2, em circulação no Rio de Janeiro. Um estudo publicado no domingo (20) como prévia (pré-print, ainda não revisado por outros cientistas), aponta que ela está restrita à capital fluminense.
A “nova linhagem” seria originária de uma outra que já havia sido registrada no país durante o início da pandemia, e que foi chamada de B.1.1.28. Segundo o artigo, as mutações identificadas como C100U, C28253U, G28628U, G28975U e C29754U aconteceram no RNA do vírus.
Essass cinco mutações foram encontradas no material genético do vírus em pelo menos 36, das 180 amostras sequenciadas pelos cientistas do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – o que indica a possibilidade de uma nova linhagem.
Além dessas cinco, os pesquisadores identificaram também uma outra mutação, a G23012A – também chamada de E484K – na proteína S (Spike, ou espinho), que forma a coroa do vírus. É com ela que o coronavírus se conecta às células das mucosas para infectá-las e se replicar.
Circulação restrita
A pesquisadora Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, do LNCC, disse em um comunicado que – segundo as análises do estudo – essa linhagem teria surgido o surgimento em julho de 2020, e foi identificada, principalmente, na cidade do Rio de Janeiro, em Cabo Frio, Niterói e em Duque de Caxias.
Segundo Vasconcelos, não existe indicação que essa linhagem seja mais transmissível ou que possa interferir na efetividade das vacinas que estão sendo desenvolvidas. Entretanto, ela ressalta a importância de estudos contínuos de vigilância genômica para análise da dispersão dessa nova linhagem e na identificação de novas variantes do Sars-Cov-2 no país.
O estudo ressalta que mutações são comuns no coronavírus e que elas costumam surgir durante a replicação do vírus dentro de um hospedeiro atacado.
Reportagem em atualização