Pré-Carnaval na B3: ofertas de ações movimentam mais de R$ 32 bilhões
E dizem que tudo no Brasil só acontece depois do Carnaval. Para aqueles que ainda acreditam nessa lenda, um número: as ofertas de ações na bolsa nesse comecinho de 2021 já movimentaram R$ 32,5 bilhões. Tem de tudo compondo esses bilhões, tecnologia, empresa de logística, empreendimento imobiliário, energia, banco, petróleo, mineração… E nesse “esquenta do ano” já se viu também todo tipo de operação: oferta pública inicial (IPO), oferta subsequente e até a novidade do IPO que não é IPO, porque é oferta inicial, só que não é pública, é privada.
Agora, faz algum sentido tanto dinheiro que os fundos de ações tiraram da bolsa em novembro e dezembro do ano passado, sem terem sofrido resgates — foram mais de R$ 20 bilhões em lucros realizados no mercado secundário. Era caixa para poder começar 2021 com escolhas.
- Inscreva-se no EXAME IN e saiba hoje o que será notícia amanhã
Janeiro e a primeira parte de fevereiro deste novo ano estão tão animados que ainda não deu tempo para parar e absorver tudo que já rolou. Talvez agora, nesses dias. Sim, e o ano nem começou de verdade, é o que ainda se ouve vez ou outra.
Ainda assim, esse mês e meio já movimentou mais do que 12 anos inteiros dos 17 últimos anos desde o marco oficial da revitalização do mercado de capitais brasileiro — como fonte de financiamento — com a abertura de capital da Natura Cosméticos, hoje Natura &Co, a quarta maior empresa de produtos de beleza do mundo.
Em menos de 45 dias, a B3 já registrou a chegada de 14 novas empresas no pregão. E coisas que as pessoas jamais imaginariam ou nem acreditavam mais aconteceram. A Light, a empresa de energia do Rio de Janeiro com seus 116 anos de história, deixou de ter qualquer influência estatal e está nas mãos de dois grandes investidores — Carlos Alberto Sicupira, um dos três Ambev, e Ronaldo Cézar Coelho, ex-presidente da Equatorial Energia. Depois de uma década de promessas, Benjamin Steinbruch finalmente cumpriu a promessa de listar a CSN Mineração. Foi por metade dos R$ 100 bilhões que ele sonhava, mas saiu do papel.
Não há como deixar passar batido, a onda de empresas digitais na bolsa brasileira que contou com o fenômeno de uma ação dobrar de valor no dia de estreia no pregão, com a Mosaico, dona da Buscapé, Bondfaro e Zoom.
Também merece registro nesse saldo do ano que ainda não foi que o investidor pessoa física vem conquistando uma força difícil de se prever até pouco tempo atrás. Eles podem desde se mobilizar para valorizar ativos — mesmo correndo risco de serem enquadrados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Ministério Público Federal (MPF) como manipuladores — até absorver quase 20% de uma oferta superior a R$ 5 bilhões, como foi o caso da CSN Mineração.
As sardinhas, apelido das pessoas físicas que negociam direto na bolsa, estão cada vez mais unidas e importantes. Nos Estados Unidos, quem diria, deram um nó na cabeça do regulador e a SEC fez o inimaginável para o liberal mercado americano: não só interferiu no mercado, proibiu uma parte dele de negociar ações.
Essas são as primeiras emoções de um ano que ainda nem “começou”. Dava para listar aqui também as inúmeras malezas de um país que está há décadas esperando seu futuro chegar. Elas são profundas e o tempo só as agrava. Mas é Carnaval, quem quer ser Colombina e chorar na folia? Ou não é Carnaval?