Sob ameaça de intervenção, Petrobras fica para trás em rali do petróleo
Sem conseguir acompanhar a alta do petróleo, que já subiu 21,4% desde o início do ano, as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) ficaram para trás no rali que impulsionou os papéis de praticamente todas as empresas do setor.
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Enquanto a PetroRio acumula 25,95% de alta no período, a estatal teve valorização inferior a 3,5% na bolsa. O desempenho também é pior que o de gigantes internacionais, como o ExxonMobil e Shell, que tiveram respectivas apreciações de 26,22% e 11,06%.
A razão para o pior desempenho da Petrobras se encontra em Brasília, de onde vem pressões contrárias à política de preços da empresa, que busca um alinhamento com a cotação do petróleo no mercado internacional.
Nesta semana, a estatal anunciou que iria aumentar em 10,2% o preço da gasolina nas refinarias e em 15% o do diesel. Na véspera, analistas do Goldman Sachs classificaram o ajuste como um “indício positivo e relevante”, “visto que o tema tem sido uma das principais preocupações dos investidores”.
O presidente Jair Bolsonaro, contudo, afirmou na noite de quinta-feira, 18, que o aumento é “fora da curva” e que “alguma coisa vai acontecer” com a estatal nos próximos dias – sem dizer o quê.
Na semana passada, no entanto, Bolsonaro havia prometido não intervir na Petrobras, após reunião com o ministro Paulo Guedes e o presidente da empresa, Roberto Castello Branco. O mercado, desconfiado, não comprou a ideia – e parece ter acertado.
Para amenizar os ânimos de caminhoneiros, que ameaçam uma nova greve, Bolsonaro anunciou a suspensão de tributos federais sobre o diesel por dois meses. A medida tampouco foi bem aceita pelo mercado.
André Perfeito, economista-chefe da Necton, a classificou em nota como um flerte com o “populismo fiscal”. Segundo ele, as “ameaças diretas à Petrobras forçará os investidores para alguma cautela”.