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Amazônia sob ataque: Exército realiza 100 mil inspeções na região

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Amazônia sob ataque: Exército realiza 100 mil inspeções na região

Depois de recordes de desmatamento na Amazônia, que perdeu 11.088 km² de floresta apenas entre agosto de 2019 e julho de 2020, uma alta de quase 10% em relação ao período anterior, o governo criou a Operação Verde Brasil. A missão, que contou com a participação das Forças Armadas, teve como objetivo coibir ações ilegais, como o garimpo, a extração ilegal de madeira e o narcotráfico, que exercem impacto sobre a preservação ambiental.

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Em onze meses de operação, entre maio do ano passado e abril deste ano, foram apreendidas mais de 2 mil embarcações, 900 veículos e tratores, 500 mil m³ de madeira e 750 quilos de drogas, além 123.550 armas e munições, segundo o Ministério da Defesa.

“A presença do Estado na região é fundamental para a soberania, já que não existe vazio na geopolítica”, diz o general Omar Zendin, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar na Amazônia, exercendo a função de chefe do Estado-Maior do Comando Conjunto da Amazônia, em entrevista exclusiva à EXAME. Leia, a seguir, os principais trechos da conversa.

Como o senhor avalia os resultados da Operação Verde Brasil? E quais foram os principais desafios?

Foram altamente positivos. As distâncias são muito grandes e os rios são muito encachoeirados. Tem que tirar a embarcação da água e transportar o motor no braço. As dificuldades são imensas, pela geografia, o relevo, os cursos d´água, a selva. Mas o Exército está na Amazônia desde os portugueses e estamos acostumados a fazer isso.

Qual foi o papel mais relevante do Exército na Operação Verde Brasil?

Foi mais de acompanhar os homens de outras instituições relacionadas à operação e oferecer segurança para eles, além de colocá-los no local, montar a base, dar alojamento.

Esse tipo de operação não é exatamente uma novidade, certo?

Desde 2004 recebemos a missão de operar com órgãos federais na Amazônia, quando somos demandados, por meio de apoio logístico, comunicação e na repressão de delitos de repercussão nacional e internacional. Então, a atuação dos militares no combate ao crime ambiental é algo que ocorre com frequência. Essas ações ficaram mais em evidência com a Operação Verde Brasil.

E por que foram realizadas operações em áreas indígenas?

Quando somos demandados pelos órgãos competentes, conduzimos essas operações. No dia a dia, prestamos apoio a essas comunidades, com médicos, dentistas, então é um trabalho inestimável que prestamos, até mesmo para que meliantes não hostilizem essas comunidades indígenas.

Foram realizadas também inspeções de combate ao crime organizado na região, certo?

Foram 105 mil inspeções, feitas com um efetivo de mais de 2 mil militares. As inspeções foram de caráter mais preventivo, principalmente as fluviais e terrestres, e de fiscalização em pontos de desmatamento. Existia uma análise de sensoriamento remoto que apontava onde estava tendo um problema. Buscamos também flagrar infratores.

Quais são as causas do desmatamento na Amazônia? Estão relacionadas à atuação do crime organizado na região?

Você tem a cultura de derrubar a mata para fazer a roça. Tem aí uma miríade de atores envolvidos e de finalidades. E tem a parte ilegal também.

Tem também a questão do crime organizado então?

Nós fiscalizamos tudo isso.

Por isso é importante ter a presença do Exército nesse tipo de operação?

Sempre, do Estado brasileiro e do Exército. Estamos trabalhando nisso 24 horas por dia, sete dias por semana.

Mas por isso é importante oferecer segurança aos agentes do Ibama e outros órgãos que cumprem suas funções?

Sim.

Tem uma questão relacionada ao narcotráfico na região, inclusive nas fronteiras com a Colômbia, Peru, Venezuela?

Tem. Mas os nossos pelotões estão atentos. Você falou sobre a fronteira do Brasil com outros países, queria dizer que essas operações em faixa de fronteira fortalecem a nossa soberania. O nosso relacionamento com esses países é muito forte, de troca de conhecimento.

Então as tropas brasileiras conversam com as forças armadas dos países que fazem fronteira com o Brasil na Amazônia?

Sim, trocam WhatsApp, desfilam em paradas militares nos outros países.

Isso quer dizer que as operações conduzidas na fiscalização da Amazônia brasileira não são separadas daquelas feitas pelos outros países da região?

Quando vamos fazer uma operação, eles ficam sabendo. Agora está tendo uma assistência entre a nossa Marinha e a Marinha peruana. Isso não para. Mas, como falei, essas operações nas fronteiras são fundamentais para a soberania e a segurança nacional. Não existe vazio na geopolítica. Atualmente, as ameaças têm um caráter difuso. Então, a faixa de fronteira recebe alta prioridade na concepção da soberania nacional.

O que o senhor chama de “caráter difuso”?

As coisas são muito variadas, muito voláteis. São muitos atores misturados no meio da população. Então isso requer uma técnica muito aprimorada para combater tudo isso. Mas, voltando ao tema da cooperação com outros países, isso é muito forte. É comum os pelotões de fronteira receberem pacientes, grávidas em trabalho de parto, não interessa de qual país seja a pessoa. Atendemos e por vezes evacuamos essas pessoas para cidades próximas. Temos médicos, dentistas.

Quantos pelotões existem nas fronteiras?

Só na área do comando militar da Amazônia, são 24.

Precisava ter mais?

Está de acordo, todas as penetrantes estão sendo bloqueadas. Alguns pelotões datam da época dos portugueses, em função do Tratado de Madri, em 1750. O Marquês de Pombal foi o primeiro estadista que teve uma visão estratégica de ocupação da Amazônia. Os portugueses subiram o rio Negro e o Solimões e estabeleceram os primeiros postos de fronteira.

O português Pedro Teixeira, que pouca gente conhece, participou da expedição para fundar Belém, em 1616. Logo depois, ele subiu todo o Rio Amazonas a remo. Ele desfez várias fortificações holandesas, francesas, que já estavam querendo se apossar da foz do Amazonas. Se não fosse ele, teria várias possessões estrangeiras aqui dentro do Brasil.

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