Apesar de sinal de queda nacional, Fiocruz aponta tendência de aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave em 7 capitais
Sinalização foi feita para Florianópolis, Aracaju, Fortaleza, Macapá, Manaus, Recife e Rio de Janeiro. Quase 98% dos casos de SRAG no país neste ano foram causados pelo novo coronavírus; Fiocruz já havia pedido cautela com o cenário da pandemia em capitais. Praia lotada no Rio de Janeiro no começo da tarde desta sexta-feira (2)
Marcos Serra Lima/ G1
Dados do InfoGripe, sistema de monitoramento da Fiocruz, apontam que, apesar de um sinal de queda no cenário nacional, há uma tendência de aumento de casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) em 7 capitais do país, segundo boletim divulgado nesta sexta-feira (2): Florianópolis, Aracaju, Fortaleza, Macapá, Manaus, Recife e Rio de Janeiro.
As cidades mostraram tendências de aumento a longo prazo, segundo a Fiocruz. Isso significa dizer que, nas 6 semanas anteriores à data final analisada pelo boletim (26 de setembro), elas registraram crescimento no número de casos de SRAG. Florianópolis foi a cidade com a maior probabilidade de ter crescimento de casos a longo prazo.
A SRAG pode ser causada por vários vírus respiratórios, mas, neste ano, quase 98% dos casos no país têm o novo coronavírus (Sars-CoV-2) como causa.
Segundo o pesquisador Marcelo Gomes, que coordena o InfoGripe, o aumento visto, principalmente por ter sido de longo prazo, indica que a situação deve continuar no futuro.
“Se na semana X a tendência de longo prazo é de crescimento, então é muito provável que em X+1 se mantenha”, explicou Gomes.
Funcionários da SOS Funeral transportam em barco caixão de vítima suspeita de Covid-19 no Rio Negro, no Amazonas, no dia 14 de maio.
Felipe Dana/AP
Só Manaus, mesmo tendo visto o aumento por 6 semanas, registrou um leve sinal de queda em curto prazo na última semana analisada pelo boletim (de 20 a 26 de setembro). As tendências de curto prazo levam em conta os dados das últimas 3 semanas analisadas pelo boletim.
Mas Gomes alerta que essa queda sinalizada pode ser um “ruído” nos dados – e indicar uma oscilação natural.
“É positivo na medida que sugere que ainda ‘não disparou’, mas não deve ser interpretado como ‘foi só uma marola e já está tudo tranquilo novamente'”, explicou o cientista.
A capital amazonense, assim como Aracaju e Fortaleza, já haviam apresentado sinal de crescimento no último boletim (referente à semana de 13 a 19 de setembro), explicou Gomes à Agência Fiocruz de Notícias.
Já em Recife e no Rio de Janeiro, embora o sinal seja de estabilidade, observa-se a tendência de uma estabilização em valores ligeiramente acima do patamar estabelecido anteriormente, tendo ambas as cidades passado por um longo período de crescimento lento. A tendência de aumento foi vista em 5 das últimas 6 semanas avaliadas em ambas as capitais.
Segundo o boletim, embora a maioria das capitais brasileiras esteja com sinal moderado ou alto de queda ou estabilidade no longo prazo, o cenário é de cautela. Em meados de setembro, a Fiocruz já havia pedido cuidado com o cenário nessas cidades.
Zona de risco
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Eduardo Valente/AFP
Ainda que uma queda em casos e mortes tenha sido sinalizada, o Brasil permanece na zona de risco, com ocorrências semanais muito altas em todas as regiões do país, segundo a Fiocruz.
“A situação nas regiões e estados do país é bastante heterogênea. Portanto, o dado nacional não é um bom indicador para definição de ações locais”, diz o boletim.
Segundo dados das secretarias de Saúde apurados pelo consórcio de veículos de imprensa, o país teve, em setembro, 22.371 mortes pela Covid-19. Foi o segundo mês consecutivo em que houve queda no número de mortes e menos de 30 mil óbitos mensais. Especialistas alertaram, entretanto, para as diferenças nas situações dos estados brasileiros.
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