Covid-19 reduz gravemente expectativa de vida de negros e latinos nos EUA
A pandemia do novo coronavírus diminuiu de forma brusca a expectativa de vida no Estados Unidos. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul (USC) e de Princeton aponta que a expectativa vida dos americanos caiu 1,13 ano em 2020. A nova expectativa é de 77,48 anos, conforme a pesquisa publicada na quinta-feira (14) na Proceedings of the National Academy of Sciences.
- A pandemia mexeu com a economia e os negócios no mundo todo. Venha aprender com quem conhece na EXAME Research
De acordo com o estudo, esta foi a maior queda anual da expectativa de vida já registrada nos últimos 40 anos. É também a primeira que a expectativa de vida nos Estados Unidos atinge números tão baixos desde 2003.
O declínio é ainda maior se considerada a expectativa de vida para negros que moram no país. A queda foi de 2,10 anos, totalizando 72,78 anos. Para a população latina, queda de 3,05 anos, para uma expectativa de vida de 78,77 anos. A queda para a população é bem menor: 0,68 ano e expectativa de vida 77,84 anos.
“O efeito desproporcional da pandemia covid-19 na expectativa de vida de negros e latino-americanos provavelmente tem a ver com sua maior exposição por meio de seus locais de trabalho ou contatos familiares estendidos, além de receber cuidados de saúde precários, levando a mais infecções e piores resultados, diz Theresa Andrasfay, autora do estudo e pós-doutoranda na Escola de Gerontologia Leonard Davis da USC, segundo o Science Daily.
A pesquisa ainda aponta que a diferença na expectativa de vida entre a população negra e a população branca nos Estados Unidos deve aumentar nos próximos. Numa projeção feita pelos pesquisadores, estima-se que este aumento possa ser de 40%, o que significa uma diferença de 3,6 anos na expectativa de vida entre as duas etnias nos próximos cinco anos.
“O enorme declínio na expectativa de vida dos latinos é especialmente chocante, dado que os latinos têm taxas mais baixas do que as populações de brancos e negros na maioria das condições crônicas que são fatores de risco para covid-19”, disse Noreen Goldman, da Hughes-Rogers, coautora do estudo e professora de Demografia e Relações Públicas na Escola de Relações Públicas e Internacionais de Princeton.
Para elaborar o estudo, os cientistas usaram dados consolidados da expectativa de vida ao nascer e aos 65 anos completados durante o ano de 2020 nos Estados Unidos. Depois disso, separaram os resultados por raça e etnia. Foram selecionados quatro cenários de mortes, sendo um deles relacionado à pandemia do novo coronavírus. Os resultados mostram que negros e latinos “experimentaram uma carga desproporcional de infecções e mortes por covid-19″.
É preciso destacar ainda que, mesmo antes da crise do novo coronavírus, as melhorias anuais nos índices de expectativa de vida nos Estados Unidos eram quase insignificantes. Por outro lado, a expectativa de vida também não diminuía, com exceção do período entre 2015 até 2017, quando houve uma redução anual de 0,1 ano durante o período de 2015, 2016 e 2017. Essa redução foi composta pelo aumento de casos fatais de overdoses e de suicídios nos EUA.
A pandemia do vírus Sars-CoV-2 é a maior crise de saúde pública nos Estados Unidos. Quase 23,5 milhões de americanos já foram infectados com a doença. São mais de 390 mil mortes no país. Para efeito de comparação, o Brasil tem 8,3 milhões de casos de coronavírus, com 207 mil fatalidades.
No Brasil, conforme dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma pessoa nascida no país em 2019 tinha expectativa de vida de 76,6 anos.