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Crianças e Covid-19: veja em 7 pontos sobre o que a ciência já sabe sobre o tema

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Crianças e Covid-19: veja em 7 pontos sobre o que a ciência já sabe sobre o tema


Pesquisas apontam que o risco de morte é muito baixo, mas que as crianças podem desenvolver uma síndrome rara e grave associada à doença. Além disso, podem ter mais vírus no corpo que adultos e são capazes de transmitir a doença mesmo sem sintomas. Crianças checam a temperatura em um robô em uma demonstração em uma escola primária em Madri, no dia 4 de setembro, em meio à pandemia da Covid-19.
Paul White/AP
Estudos publicados nos últimos meses ajudam a ciência a responder a algumas perguntas sobre as crianças e a Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2): quais os sintomas da Covid-19 nelas? Se elas forem infectadas, qual a chance de terem um caso grave da doença? Quanta carga viral têm no corpo?
Nesta reportagem, você lerá sobre 7 pontos que a ciência já sabe sobre como a Covid-19 afeta as crianças:
Sintomas da doença
Síndrome associada à Covid-19
Gravidade da doença
Risco de morte
Quantidade de vírus no corpo (carga viral)
Tempo do vírus fica no corpo
Por que as crianças tendem a ser menos afetadas
Ao final, poderá saber mais sobre o que os cientistas ainda precisam entender. Veja abaixo:
1) Quais os sintomas da Covid-19 em crianças?
Crianças com mochilas esperam em fila em um parquinho de uma escola primária em Montpellier, na França, no dia 1º de setembro
Pascal Guyot / AFP
Um estudo britânico publicado no fim de agosto no “British Medical Journal” (BMJ) mostrou que os sintomas mais comuns da doença entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram a febre (70%), a tosse (39%), náusea ou vômito (32%) e falta de ar (30%). O estudo avaliou 651 pacientes.
A febre e a coriza (nariz escorrendo) eram menos comuns quanto mais velhas fossem as crianças; já ter náusea, vômito, dor abdominal, de cabeça e garganta tendia a ser mais frequente conforme a idade aumentava, segundo o estudo.
Mas as crianças, assim como os adultos, também podem não ter nenhum sintoma da infecção: em um estudo feito com 91 crianças e adolescentes, com idades de 0 a 18 anos na Coreia do Sul, cientistas perceberam que 20 delas, o equivalente a 22%, não mostraram nenhum sinal da doença durante o tempo em que foram monitoradas, que foi, em média, 16 dias.
Outras 18 crianças, o equivalente a 25%, começaram assintomáticas, mas desenvolveram sintomas depois; e apenas 6 (o equivalente a 9%) foram diagnosticadas na época do início dos sintomas. Os mais comuns foram a tosse (41%), a febre baixa (38%), o catarro (32%), a febre acima de 38°C (30%).
“As crianças com Covid têm um quadro clínico, em geral, mais leve que os adultos. Como elas são menos sintomáticas, o quadro pode passar despercebido”, avalia o pediatra Artur Figueiredo Delgado, coordenador do CTI do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da USP (HCFMUSP).
Crianças também podem desenvolver problemas intestinais, como diarreia. Mas o pediatra lembra que outros vírus – como o rotavírus e o adenovírus – podem causar os mesmos sintomas. Ele ressalva, entretanto, que, se houver um diagnóstico positivo de Covid, os problemas intestinais devem servir de alerta.
“Pacientes com sintomas gastrointestinais, diarreia, dor abdominal podem ter uma evolução pior. Tendo Covid, a presença de diarreia, vômito e dor abdominal é um sinal de alerta que a evolução é mais grave”, afirma Delgado.
“A família precisa estar atenta a sintomas, e, não estando confortável, levar para avaliação médica, tomando aqueles cuidados sempre – distanciamento social, uso de máscara [na criança] acima de dois anos e os cuidados de contato”, completa.
2) Síndrome associada à Covid
Crianças fazem aula de educação física em uma escola de jardim-de-infância em Medellín, na Colômbia, usando máscaras, no dia 3 de setembro, em meio à pandemia de Covid-19.
Joaquin Sarmiento / AFP
As crianças também podem desenvolver um problema chamado Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), associada à Covid-19.
A SIM-P pode ser leve, moderada ou grave, explica Artur Figueiredo Delgado, do HCFMUSP. A síndrome é uma grande resposta inflamatória que, em casos graves, pode acometer diversos órgãos e sistemas do corpo. Os principais atingidos são o sistema cardiovascular e o trato digestivo, e também há alterações na pele e nas mucosas.
PERNAMBUCO: Primeira morte de criança por síndrome rara associada à Covid-19; número de doentes chega a nove
A principal característica da SIM-P é a febre persistente e difícil de abaixar, o que nem sempre aparece em casos de Covid-19. Ela pode ser acompanhada de dores no corpo, de cabeça, mal-estar e indisposição.
Meninas lavam as mãos antes de entrarem na sala de aula em uma escola primária em Lille, no norte da França, no dia 1º de setembro, primeiro dia letivo em meio à pandemia de Covid-19.
Denis Charlet/AFP
“No trato digestivo, tem diarreia, dor abdominal que pode simular uma apendicite aguda. Nas alterações mucocutâneas, há vermelhidão e manchas na pele e lábios com fissuras”, explica Artur Delgado.
Uma outra forma de apresentação da SIM-P é semelhante à síndrome de Kawasaki, uma doença de origem imunoalérgica que também causa febre difícil de abaixar.
“Mas o que mais chama a atenção é o quadro cardiovascular, que pode levar a insuficiência cardíaca ou estado de choque, com pressão arterial muito baixa e que pode levar à morte”, completa o pediatra.
Delgado afirma que há dois motivos pelos quais a Covid-19 leva a um quadro de SIM-P: o primeiro é a agressão direta do vírus aos órgãos, que já foi comprovada com necrópsias descritas ao redor do mundo.
O segundo mecanismo é mais tardio: primeiro a criança tem a Covid (que pode ser leve ou assintomática) e, depois, em um período de 14 a 30 dias, desenvolve a SIM-P, desencadeada por uma reação do sistema imunológico.
Ele esclarece, entretanto, que a SIM-P é rara e já existia antes da Covid-19, e, ainda que sua incidência tenha aumentado com a pandemia, a síndrome continua ocorrendo pouco: cerca de mil crianças podem ter tido o problema em todo o mundo, afirma.
Aluna escreve durante uma aula improvisada em uma caçamba transformada em centro educacional no sul da Cidade do México, no dia 4 de setembro.
Rebecca Blackwell/AP
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, foram registrados, até o dia 22 de agosto, 197 casos de SIM-P associados à Covid-19 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, com 14 mortes. A maioria dos casos foi registrada em crianças e jovens do sexo masculino: 115, o equivalente a cerca de 58%, e a maior parte dos óbitos foi em crianças com idades entre 0 e 4 anos: 9 (6 meninos e 3 meninas).
A maior concentração dos casos de SIM-P associados ao novo coronavírus está nos estados do Ceará, Distrito Federal, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo, segundo o ministério.
No estudo feito no Reino Unido, a ocorrência da síndrome multissistêmica foi mais comum entre crianças mais velhas (com uma média de idade em torno de 11 anos) e que não eram brancas: ao houve 52 ocorrências entre 456 crianças para as quais havia resultados disponíveis (o equivalente a 11%).
3) Crianças podem ter quadros graves de Covid-19?
Pesquisa britânica conclui que crianças e adolescentes têm menos risco de Covid grave
Sim, mas a probabilidade é menor que nos adultos. No estudo publicado no BMJ, com 651 crianças com idades entre 0 e 19 anos no Reino Unido, os cientistas constataram que:
18% das crianças precisaram de cuidados intensivos (116 de 632 para as quais havia resultados disponíveis);
9% precisaram de ventilação não invasiva (57 de 619 para as quais havia resultados disponíveis);
e outros 9% (58 de 620 para as quais havia resultados disponíveis) precisaram de ventilação mecânica (intubação).
Segundo os autores da pesquisa, ter idade abaixo de um mês ou entre 10 e 14 anos foram fatores de risco para admissão na UTI.
Ter a pele negra também foi um risco a mais: essas crianças tiveram cerca de 3 vezes mais chance, em média, de precisar de cuidados intensivos em relação a crianças brancas, mesmo quando outros fatores também eram levados em conta.
Foto mostra menina colorindo figura em uma biblioteca comunitária na favela do Morro do Salgueiro, no Rio de Janeiro, no dia 27 de agosto.
Silvia Izquierdo/AP
“Não podemos explicar os achados. Nosso estudo foi apenas descritivo”, afirmou, em entrevista ao G1, o pesquisador Calum Semple, professor de pediatria, medicina de surtos e consultor de saúde respiratória pediátrica da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, e autor sênior do estudo.
Semple afirma que diversos fatores associados à realidade das crianças negras ajuda pode ajudar a entender a estatística.
“‘É múltiplo. Tem a ver com a nutrição da criança ao longo da vida, moradia, educação dos pais, acesso aos serviços de saúde. É tudo”, explicou o cientista.
Mas ele frisa que deve também haver fatores genéticos envolvidos, porque o mesmo padrão foi encontrado em adultos com relação à cor da pele.
Ele não soube dizer se, por exemplo, as crianças negras demoram mais tempo para serem levadas ao médico do que as brancas. (Essa relação é apontada por pesquisadoras brasileiras como uma possível razão para que as mulheres grávidas pretas no Brasil morram duas vezes mais do que as brancas pela Covid-19).
O estudo feito na Coreia do Sul, com 91 pacientes, registrou apenas 2 casos graves da doença. Mesmo assim, nenhum deles precisou de ventilação mecânica (intubação).
Uma outra pesquisa, feita em um hospital infantil em Nova York e publicada em junho, analisou 50 crianças e adolescentes com idade até 21 anos e constatou que:
era comum que os pacientes que precisavam de hospitalização tivessem comorbidades. Pacientes acima dos 2 anos de idade que fossem obesos tinham probabilidade de precisar de ventilação mecânica;
bebês pequenos tinham uma forma menos grave da doença;
ter marcadores inflamatórios elevados no momento da internação e ao longo da hospitalização foi associado a casos graves da doença;
ter algum tipo de comprometimento do sistema imunológico não foi associado a um caso mais grave de Covid-19.
4) Crianças podem morrer de Covid-19?
Crianças voltam para a sala de aula em uma escola primária em Montpellier, na França, no primeiro dia de volta às aulas em meio à pandemia de Covid-19 no país, no dia 1º de setembro.
Pascal Guyot/AFP
Sim, mas o risco é muito baixo.
Os cientistas britânicos classificaram a morte por Covid-19 em crianças como “excepcionalmente rara”. Eles tinham dados de 69,5 mil pessoas internadas em 260 hospitais britânicos até o dia 3 de julho (as crianças e adolescentes analisados estavam incluídos nessa população). Na população em geral, com idades entre 0 e 106 anos, a mortalidade foi de 27% (18,8 mil pessoas morreram).
Considerando somente as crianças e adolescentes com idade entre 0 e 19 anos, esse índice foi de 1% (houve 6 mortes entre os 627 pacientes para os quais havia resultados disponíveis).
No estudo coreano, com 91 crianças e adolescentes, nenhuma delas morreu. Na pesquisa no hospital de Nova York, com 50 pacientes, um morreu.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, 821 crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos) morreram por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada pela Covid-19 (veja gráfico) até o dia 5 de setembro. Outros 74 casos ainda estavam em investigação.
O número representa 0,67% do total de mortes registradas pela pasta até aquela data (122.772, número ligeiramente menor que o levantado pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o G1 faz parte).
5) As crianças têm menor quantidade de vírus (carga viral) no corpo que os adultos?
Não necessariamente. Em um estudo publicado em 20 de agosto, pesquisadores dos Estados Unidos constataram que crianças com a Covid-19 internadas em uma UTI tinham maior carga viral do que adultos hospitalizados.
As maiores quantidades de vírus foram encontradas nos pacientes com idades entre 11 e 16 anos, segundo o estudo. A pesquisa considerou como “crianças” todos aqueles com idade entre 0 e 22 anos, mas não especificou a idade dos adultos que foram analisados.
Crianças e jovens têm carga viral superior à de adultos hospitalizados, diz estudo dos EUA
Quanto maior a carga viral, maior é a capacidade que uma pessoa tem de transmitir a doença. Até agora, ainda não se sabe o quanto as crianças conseguem transmitir a doença – mas já se sabe que elas são capazes disso, explica Artur Delgado, da USP.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças acima dos 2 anos de idade usem máscaras sempre que possível, para evitar a transmissão da doença. (Veja as recomendações completas).
O potencial de transmissão infantil foi um dos pontos levantados pelos cientistas coreanos como uma limitação da pesquisa deles. Essa limitação ocorre por um motivo: o rastreio de pessoas infectadas é bastante eficaz na Coreia do Sul (o que permitiu, inclusive, que encontrassem crianças com o vírus antes de elas desenvolverem os sintomas da Covid-19); uma vez que essas pessoas são encontradas, elas são mantidas em quarentena rígida, para evitar que contaminem outras.
6) Por quanto tempo o vírus fica no corpo das crianças?
Ainda não há uma resposta exata. No estudo coreano, com 91 crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos, os pesquisadores constataram que, de forma geral, o vírus ficou detectável por uma média de 17,6 dias nas crianças. Nos casos assintomáticos, esse tempo foi de 14,1 dias.
Uma outra pesquisa, feita no Children’s National Hospital, na capital dos Estados Unidos, apontou que pacientes de 6 a 15 anos demoram mais tempo para eliminar o vírus (32 dias) quando comparados a pacientes de 16 a 22 anos (18 dias).
As meninas na faixa etária de 6 a 15 anos também demoraram mais que os meninos (média de 44 dias para as meninas e 25,5 dias para os meninos).
A mesma pesquisa também encontrou 33 crianças que tiveram resultados positivos tanto para a presença do material genético do vírus como para os anticorpos contra ele.
7) Por que as crianças tendem a ser menos afetadas?
Crianças correm mais risco de se contaminar em casa do que na escola, diz estudo inglês
A ciência ainda não sabe – mas já existem hipóteses.
Um estudo publicado no dia 3 de setembro no periódico científico “PNAS” (Proceedings of the National Academy of Sciences) levantou as seguintes possíveis explicações para isso:
ACE2 (enzima conversora de angiotensina) é reduzida no trato respiratório das crianças
Tanto o primeiro vírus Sars (Sars-CoV-1) quanto o vírus SARS-CoV-2 ligam-se à enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2). Segundo o estudo, a expressão de ACE2 aumenta com a idade no trato respiratório. Por isso, é reduzida nas crianças.
O coronavírus associado a resfriados comuns em crianças pode oferecer alguma proteção
Estudos mostram que crianças com menos de dois anos têm cinco ou mais infecções respiratórias por ano e passam cerca de 44 dias com doenças respiratórias superiores leves. A imunidade adaptativa aos resfriados comuns pode fornecer alguma proteção contra infecções microbianas, incluindo o Sars-CoV-2.
As respostas imunes do Th2 são protetoras em crianças
Citocinas produzidas pelas células Th2 ajudam a ativar células B, resultando na produção de anticorpos. As citocinas são proteínas produzidas pelas células em resposta ao processo inflamatório.
A eosinofilia, associada ao Th2, pode ser protetora
A eosinofilia, na maioria das vezes, tem relação com processos inflamatórios. A inflamação de Th2 pode predispor o indivíduo a experimentar melhores resultados de Covid-19, por meio de uma diminuição nos níveis de ACE2 nas vias aéreas.
Crianças geralmente produzem níveis mais baixos de citocinas inflamatórias
Crianças produzem níveis reduzidos de citocinas inflamatórias nas células pulmonares e isso pode reduzir a chance de um fenômeno chamado de “tempestade de citocinas”, quando há descontrole na resposta imunológica.
Até agora, as crianças têm sido protegidas de casos mais graves de coronavírus. Segundo o órgão de controle e prevenção de doenças americano (CDC), desde 1º de março de 2020, foram 576 hospitalizações pediátricas associadas ao coronavírus. Estudos da China, Itália, Espanha e América do Norte também indicam que as crianças são hospitalizadas com menos frequência do que os adultos, e muitas das internações ocorreram porque esses pacientes já tinham problemas pré-existentes.
Pesquisadores dizem que descobrir o motivo de as crianças serem menos propensas a desenvolver Covid-19 (embora a taxa de infecção seja semelhante à de adultos) pode oferecer pistas produtivas para conter e erradicar a transmissão do vírus.
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