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Daniel Dias: maior medalhista paralímpico do Brasil já foi baterista

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Daniel Dias: maior medalhista paralímpico do Brasil já foi baterista

Ele não é chamado de “Michael Phelps das Paralimpíadas” à toa. Aos 33 anos, o nadador Daniel Dias é o maior medalhista paralímpico do Brasil. E da natação. E, claro, também está entre os maiores do mundo de todos os tempos. Desde Pequim, em 2008, Dias marcou pódio em todas as edições das Paralimpíadas, conquistando 14 ouros, sete pratas e três bronze – 24 medalhas no total. Nesta semana, em Tóquio, essa conta voltou a crescer: Daniel foi bronze nos 100m e 200m nado livre e no revezamento 4x50m. Acha que acabou? Que nada!

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Em janeiro deste ano, Dias anunciou que deve se aposentar das piscinas depois de Tóquio. Depois de tantas medalhas, ele agora quer passar mais tempo com seus três filhos (Asaph, Daniel e Hadassa) que, pela dedicação ao esporto, ele pouco viu crescer. Por isso mesmo, o paraatleta nada em Tóquio como se fosse a última Olimpíada. Porque, de fato, é. “O que me deu força naquela reta final dos 100 metros é o fato deles serem os meus últimos. Não terei outros 100 metros depois desses”, disse Dias à Globo logo após o primeiro pódio na capital japonesa.

Antes de pendurar a sunga, Daniel ainda tem chances de garantir suas últimas medalhas. Depois de chegar em 6º nos 50m borboleta nesta sexta (27), ele ainda disputará os 50m de costas – cujas eliminatórias começam no domingo – e os 50m livre. Ainda que não suba em nenhum desses dois pódios, Dias já é o 5ª atleta paralímpico com mais medalhas na história dos jogos, empatado com o norueguês Ragnhild Myklebust, que competiu nos jogos de inverno até 2002. Se ganhar mais alguma medalha, garante o 4ª lugar – e por um bom tempo, uma vez que quase todos que vêm abaixo dele no ranking já estão aposentados.

Mudanças nas classes funcionais freou o desempenho de Daniel em Tóquio

Nos Jogos Paralímpicos, além das diferentes modalidades de cada esporte (como os diferentes tipos de nado e metragens), há ainda uma divisão dos atletas de acordo com o seu tipo de deficiência – garantindo que as disputas sejam justas. Quanto menor a numeração, maior o grau de comprometimento do atleta por conta da deficiência. Na classe 14, competem os atletas com deficiências intelectuais. Entre 13 e 11, os atletas com deficiências visuais. E de 10 a 1, aqueles com deficiências motoras – como Daniel, que faz parte da classe 5 desde o início da carreira.

Mas, em Tóquio, o multimedalhista brasileiro ganhou novos companheiros de classe. Por conta de uma mudança de critérios que passou a valer em 2019, alguns atletas que antes nadava na classe 6 – ou seja, com menos limitações físicas que Daniel – passaram a competir junto com ele na classe 5, o que diminuiu suas expectativas para o gran finale da carreira no Japão. Nos 200m livre, em que ficou com o bronze, Dias foi superado justamente por dois atletas remanejados da classe 6.

“Por isso que eu vibrei muito com a medalha, vibrei muito com a conquista. Porque de fato isso aqui valeu muito para mim. As outras provas vão estar mais difíceis ainda, vão ser bem difíceis. Então é vibrar, curtir cada momento, sabendo que esse processo aconteceu”, contou Daniel à Globo logo após o bronze, prometendo falar mais sobre a questão após nadar todas as provas. “A gente sabia que precisaria ter uma mudança, mas não da maneira que foi, que acabou prejudicando muita gente.”

De baterista de igreja a campeão paralímpico

Nascido em Campinas e criado em Camanducaia, no interior de Minas Gerais, até os 16 anos Daniel, que é evangélico, só estudava e tocava bateria na igreja que frequentava com o auxílio de uma munhequeira desenvolvida pela sua mãe. Nessa época, viu pela TV o nadador Clodoaldo Silva conquistar seis ouros e uma prata em Atenas e decidiu que queria fazer o mesmo – inciando então sua trajetória meteórica no esporte. Quatro anos depois, os dois dividiam a mesma piscina em Pequim. Só naquela edição dos Jogos, enquanto seu ídolo levou uma prata, Daniel garantiu quatro ouros, quatro pratas e um bronze.

De fã, Daniel acabou virando ídolo e, assim como Clodoaldo, já inspira as gerações futuras. “Excepcional” segundo ele, o paulista Gabriel Bandeira iniciou sua carreira paralímpica em 2020 e, em menos de dois anos, já bateu seis recordes pan-americanos e, na última quarta (25), conquistou o primeiro ouro do Brasil em Tóquio, nos 100m borboleta S14. Com a aposentadoria de Dias e a desclassificação funcional de André Brasil (cuja deficiência o tornou inelegível à competição), Bandeira é, sem dúvida, a grande chance do Brasil de continuar o legado de Clodoaldo e Daniel.