Esquema de prevenção do HIV com injeções é mais eficaz do que comprimidos em mulheres, aponta estudo com 3 mil voluntárias
Receber as injeções a cada 8 semanas se mostrou mais eficaz do que tomar uma pílula diariamente. Pesquisa anterior, divulgada em julho, também mostrou eficácia superior das injeções em relação aos comprimidos para homens. 30 de abril: agentes de saúde conferem lista de pessoas para serem testadas para Covid-19, HIV e tuberculose em Joanesburgo, na África do Sul.
Jerome Delay/AP
Uma pesquisa divulgada na segunda-feira (9) pela Rede de Ensaios de Prevenção ao HIV (HPTN, na sigla em inglês) indica que esquemas de prevenção ao HIV para mulheres que usem injeções aplicadas a cada 8 semanas são mais eficazes do que comprimidos diários. Um estudo anterior, de julho, também viu o mesmo resultado para homens.
Ao todo, 3.223 mulheres participaram da pesquisa. Houve 38 infecções por HIV entre as participantes – dessas, 34 ocorreram em mulheres que usaram os comprimidos, e apenas 4 nas que tomaram as injeções.
A injeção continha a substância experimental cabotegravir. Já os comprimidos, conhecidos como Truvada, tinham a combinação tenofovir/entricitabina, usadas nos esquemas de profilaxia de pré-exposição (PrEP) ao HIV. No Brasil, o esquema com os comprimidos está disponível, de graça, no SUS.
Os ensaios, que tinham previsão de só terminar em 2022, foram encerrados mais cedo do que o previsto por causa dos bons resultados das injeções. Os testes foram conduzidos em 7 países da África subsaariana: Botsuana, Eswatini, Quênia, Malaui, África do Sul, Uganda e Zimbábue. Todos estão entre os que têm as maiores prevalências de HIV entre mulheres do mundo, segundo o Banco Mundial.
Das quatro mulheres que se infectaram tomando as injeções, duas haviam parado de tomá-las. A adesão ao tratamento com injeções também foi maior que a esperada pelos cientistas.
“Sabemos que a adesão a uma pílula diária continua a ser um desafio, e um produto injetável eficaz de ação prolongada é uma opção adicional de prevenção do HIV muito importante para elas”, avaliou Sinead Delany-Moretlwe, diretora de protocolo do estudo e do Instituto Wits de Saúde Reprodutiva e HIV, na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, África do Sul.
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Segundo a Unaids, programa das Nações Unidas para a Aids, no ano passado, mulheres e meninas representavam 59% de todas as novas infecções por HIV na África subsaariana. Além disso, 5 a cada 6 novas infecções em adolescentes de 15 a 19 anos ocorriam em meninas, e mulheres de 15 a 24 anos tinham o dobro de chance de estar vivendo com HIV do que os homens da mesma idade.
Eficaz em homens
Uma pesquisa conduzida em paralelo e divulgada em julho também mostrou que as injeções foram mais eficazes em prevenir a infecção pelo HIV em homens que fazem sexo com homens (HSH) e em mulheres trans que fazem sexo com homens.
Nesses ensaios, foram incluídos 4.570 participantes em 7 países, incluindo o Brasil: Argentina, Peru, Estados Unidos, África do Sul, Tailândia e Vietnã.
As injeções também foram aplicadas uma vez a cada 8 semanas. No fim do estudo, houve 52 infecções por HIV, das quais 13 haviam ocorrido nos participantes que receberam as injeções e 39 nos que tomaram os comprimidos. Os números corresponderam a uma redução de 66% nas infecções pelo vírus comparando-se os pacientes das injeções com os dos comprimidos.
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