Estudo mostra que adoção em massa à DeFi ainda está longe de acontecer
A popularização dos protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) continua em suas fases iniciais em relação à indústria de criptomoedas como um todo, mostra relatório publicado pela plataforma de análise Chainalysis, nesta terça-feira, 24.
A empresa constatou em seu “Índice Global de Adoção à DeFi” que enquanto a adoção às finanças descentralizadas aumentou significativamente nos últimos 18 meses, tanto em mercados emergentes quanto em mercados desenvolvidos, a maior parte desse crescimento ocorreu em países e regiões de alta renda, que possuem mais operadores e investidores profissionais.
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A adoção às aplicações de DeFi “foi primeiramente apoiada por operadores e investidores experientes buscando por novas fontes de alfa em plataformas inovadoras, mesmo quando configuramos o índice para favorecer a adoção popular”, disse o relatório. Alfa se refere ao retorno de um investimento para além do parâmetro de referência.
Apesar das finanças descentralizadas terem atraído grandes investidores, o setor precisará melhorar o engajamento de pequenos investidores de varejo, afirmou o relatório.
Procura-se por peixes pequenos
DeFi, um subsetor das criptomoedas onde os serviços financeiros utilizam smart contracts para facilitar transações sem intermediários, disparou no último ano, conforme o valor total de criptoativos alocados nessa área do mercado aumentou de 5 bilhões para 159,52 bilhões de dólares, de acordo com o rastreador de dados DeFi Llama.
Segundo Kimberly Grauer, diretora de pesquisa na Chainalysis, a maior parte dos casos em que a tecnologia DeFi é utilizada são em aplicativos “mais sofisticados” que representam desafios à adoção de investidores do varejo.
O índice da Chainalysis utilizou três métricas que enfatizaram a atividade popular em DeFi – o volume on-chain de criptomoedas recebidas por plataformas DeFi, o valor total recebido do varejo (transações abaixo de 10 mil dólares) e os depósitos individuais em plataformas DeFi – para ranquear 154 países.
O volume de criptomoedas on-chain recebido por plataformas DeFi, por exemplo, é ajustado pela paridade do poder de compra (PPP) per capita, ou seja, se dois países contibuiram com o mesmo volume para as finanças descentralizadas, o país com o menor PPP per capita fica mais alto no ranking.
Mercados desenvolvidos, incluindo os EUA, Reino Unido, Holanda e Canadá continuam entre as primeiras posições no índice, apesar de países emergentes também se destacarem na adoção à tecnologia DeFi, como China, Índia, Tailândia e Vietnã.
As constatações do relatório também se diferem de um relatório anterior da Chainalysis, que demonstrava maior nível de adoção popular.
O Brasil é o 17º colocado na lista, uma posição atrás da Argentina. O país aparece como o sexto colocado por volume on-chain de criptomoedas recebidas por plataformas DeFi, 13º por valor total recebido do varejo, mas o 110º lugar no ranking por depósitos individuais em plataformas DeF derruba o país na classificação geral do ranking de adoção de aplicações de DeFi.
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Baseado nas geolocalizações de visitas mensais às plataformas DeFi, é possível constatar que a popularidade da tecnologia cresceu de forma mais notável na América do Norte entre abril de 2019 e junho de 2020, e no Leste Europeu a partir de setembro de 2019. Outras regiões começaram a adotar as finanças descentralizadas em junho de 2020 – o começo do que ficou conhecido como “Verão DeFi”. Nessa época do ano é verão no hemisfério norte.
O colapso no volume de transações baseado no tamanho delas também demonstra que a atividade institucional e profissional em DeFi aumentou gradativamente nos últimos 18 meses.
“No momento, a tecnologia DeFi é o alvo dos insiders do mundo das criptomoedas”, disse David Gogel, do protocolo de derivativos descentralizados dYdX. “São pessoas que estiveram na indústria por um tempo e têm fundos suficientes para experimentar novos ativos”.
Gogel adicionou que uma vez que as taxas de gás no blockchain Ethereum caiam no longo prazo, plataformas DeFi, que são em sua maioria construídas na rede Ethereum, se tornarão mais acessíveis para as pessoas comuns. As taxas de gás representam o custo das transações na Ethereum, que necessitam de poder computacional para serem executadas. As taxas são pagas na moeda nativa da rede, o ether.
“A questão para os próximos anos é se veremos a tecnologia DeFi seguir o mesmo padrão dos serviços de criptomoedas que vieram antes dela, com faixas mais largas da população adotando-a para benefícios tangíveis além da especulação e investimentos”, concluiu o relatório.
Texto traduzido e republicado com autorização da Coindesk
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