Estudo que usa anticorpos no tratamento contra a Covid recruta voluntários em Belo Horizonte
São dois grupos de estudo, um na Universidade Federal de Minas Gerais e outro no Hospital das Clínicas. Saiba como participar. Pesquisa busca tratamento contra a Covid-19 que evite a evolução de casos graves da doença
TV Globo
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Hospital das Clínicas buscam voluntários para uma pesquisa de tratamento contra a Covid-19. Coordenado pela National Institutes of Health, o estudo internacional Therapeutic Interventions and Vaccines (ACTIV-2) também é realizado nos Estados Unidos, Argentina, Peru, África do Sul, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Em todo o país, a proposta é acompanhar 700 pacientes. Na UFMG, dois voluntários já participam, mas a expectativa é ter pelo menos 20. Já no Hospital das Clínicas, não há número limitado de pacientes. Apesar de as pesquisas serem conduzidas por grupos diferentes, nas duas instituições a metodologia é a mesma: utilizar anticorpos monoclonais (mAbs=monoclonal antibodies) no tratamento contra a Covid-19.
Segundo o imunologista e coordenador da pesquisa da universidade, Jorge Pinto, o tratamento utiliza um anticorpo produzido por quem já teve a doença.
“Este anticorpo é purificado e expandido, como se fizéssemos cópias infinitas daquele anticorpo original no laboratório. É uma substância sintética. O objetivo dele é bloquear o lugar onde a espícula do coronavírus se liga no receptor da célula e bloqueia a infecção”, explicou.
Anticorpos serão utilizados para prevenir a progressão da doença em pacientes com risco aumentado
Getty Images via BBC
De acordo com o pesquisador, este anticorpo é direcionado para prevenir a progressão da doença especialmente em pacientes que têm risco aumentado, como hipertensos, obesos, tabagistas e imunossuprimidos.
Parte dos pacientes vai receber o anticorpo e parte vai receber placebo. Na UFMG, todos serão acompanhados por 72 semanas, por meio de visitas remotas, em chamadas telefônicas e entrevistas com vídeo com os pesquisadores. Visitas presenciais ocorrerão nas semanas 4, 12 e 24 após a infusão.
Já no Hospital das Clínicas, a equipe do estudo entrará em contato para conversar com o voluntário e prestar todas as informações, como os critérios de inclusão e exclusão no estudo. Gestantes e lactantes, por exemplo, não podem participar. Os selecionados terão ajuda de custo para transporte e alimentação. Todas as consultas e exames serão gratuitos.
Os voluntários devem ter mais de 18 anos, além de ter tido infecção pelo SARS-CoV-2 há menos de 10 dias, sem indicação de hospitalização e com saturação de oxigênio acima de 92%. Os anticorpos serão aplicados em dose única, por infusão venosa (diretamente em uma veia, por meio de uma agulha ou de um cateter esterilizado).
Segundo Jorge Pinto, entre as vantagens do tratamento estão a simplicidade e a segurança do procedimento, que já é utilizado para a prevenção da doença provocada pelo vírus respiratório sincicial em recém-nascidos. Por outro lado, o alto custo pode ser um desafio.
“O grande desafio é o custo. Medicamentos de tecnologia nova sempre entram com custo muito alto. Mas é preciso colocar na balança da saúde pública, porque tem sido gasto muito dinheiro com internações. E a gente sabe da gravidade da doença Covid”, disse o professor.
Como participar
Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, os interessados podem contatar a equipe do estudo através do telefone/whatsapp: (031) 98109-1143 ou pelo e-mail: cov3001.ufmg@gmail.com
Já no Hospital das Clínicas, os contatos são pelo whatsapp (31) 97170-1111 ou e-mail cpconvida.hcmg@ebserh.gov.br.
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