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Gracioso: Visionário com legado relevante para indústria de bebidas

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Gracioso: Visionário com legado relevante para indústria de bebidas

Um dos fundadores da Ambev, o administrador de empresas José Heitor Attílio Gracioso, morreu na noite desta terça-feira, aos 89 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, em decorrência de complicações causadas pela covid-19.

Gracioso faz parte da história da indústria cervejeira mundial. Em 1999, era presidente do conselho de administração da Companhia Antarctica Paulista, articulando a união com a Brahma para criar a maior produtora de bebidas do Brasil, a quinta maior do mundo e a terceira companhia cervejeira do planeta.

Integrante do conselho de administração da Ambev por mais de 21 anos, Gracioso foi ainda presidente do conselho da administração e diretor executivo da Fundação Antônio Helena Zerrenner — cogestora da Ambev no Brasil.

Na posição, Gracioso foi um dos idealizadores de um dos negócios mais comentados no ano de 2017, a aquisição do equivalente a 15,3% das ações ordinárias da Itaúsa, controlador do banco Itaú.

Formado em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), completou sua formação com um bacharelato em Direito, pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, e um curso de Propaganda e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM – São Paulo).

O empresário teve participação ativa na ESPM, atuando como conselheiro e ocupando posições no conselho fiscal até 2019.

Gracioso deixa esposa, três filhos, oito netos e cinco bisnetos.

Uma trajetória inigualável na indústria cervejeira. Neto e filho de pais italianos, José Heitor Attílio Gracioso nasceu em 20 de novembro de 1931, em São Paulo.

Começou muito cedo, com apenas 14 anos de idade, ainda em 1946, com uma função equivalente à de office-boy na fábrica da Antarctica no bairro paulistano da Mooca.

Exerceu diversas funções nos escritórios da fábrica. Com sua evolução nos quadros da empresa, foi selecionado para participar de um curso de gerência, que incluiu estágios em todos os setores da empresa, concluído com um curso intensivo de Administração na Fundação Getúlio Vargas.

Ainda nos anos 50, foi redator-chefe do primeiro jornal dos empregados da Antarctica, O Jornal da Arca.

Em 1961, assumiu seu primeiro cargo de gerência, na filial de Belo Horizonte (MG).  No ano seguinte, desenvolveu um estudo de mercado que justificaria a ampliação da planta em 50%.

Seu sucesso o levou a receber um convite para atuar no gabinete de Walter Belian, então presidente do conselho de administração da Antarctica. O desafio: delegação para garantir a execução das decisões do conselho.

Ao longo dos anos 1960 receberia várias missões estratégicas de Belian, inclusive nas áreas fiscal e regulatória, até ser nomeado para a coordenação da chamada área Nordeste, com a tarefa de abrir a nova fábrica de cervejas e refrigerantes em Olinda (PE).

Foi indicado para a gerência geral da filial da Antarctica no Rio de Janeiro (RJ), segundo maior volume de vendas da companhia.

Regressou ao Nordeste em 1972, quando a Antarctica adquiriu a fábrica de cervejas da Ciquine, na Bahia. Logo passaria a comandar a Companhia Bahiana de Alimentos. Foi seu primeiro cargo de diretor. Seu desafio: implementar os padrões de gestão da Antarctica, dando origem à Indústria Nordestina de Bebidas, que agregaria todas as unidades do Grupo Antarctica na região.

Na direção da filial de Camaçari (BA), suas estratégias comerciais valeram à fábrica expressivos resultados, multiplicando de 25% para 70% a participação de mercado da unidade.

O executivo também mostrou sua capacidade nas fábricas de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde encontrou uma forma inovadora de ampliar a produção de cervejas, com pequenos investimentos que eliminaram gargalos significativos.

Em 1973, mais uma vez de volta a São Paulo, conquistou o cargo de diretor adjunto do Grupo Antarctica. Uma das principais guinadas para a companhia veio em 1975, quando Gracioso assumiu a área comercial. Em 1978, foi eleito diretor comercial de todo o Grupo, respondendo pelas áreas de marketing, propaganda, distribuição e vendas.

Foi uma das épocas de maior sucesso da história da empresa.

Entre 1978 e 1995, a Cerveja Antarctica alcançou os resultados mais expressivos: foi a primeira em volume de venda e a líder, na preferência do consumidor, conquistando o Top of Mind, em eleição da Nielsen e do instituto Datafolha. Na mesma pesquisa, o Guaraná Antarctica foi o segundo lugar em refrigerante – e o primeiro lugar em seu segmento. O Grupo, então, já incorporara marcas regionais fortes como Ciquine, Polar, Pérola, Serramalte, Alterosa, Itacolomy e Cerman-Cervejaria de Manaus.

Gracioso ocupou a função de diretor comercial até 1995, quando foi eleito vice-presidente do conselho de administração da Antarctica. Em 1999, assumiu a presidência do conselho, de onde foi um dos idealizadores da criação da Ambev, gigante atualmente presente em 19 países.

Anunciado em julho de 1999, o negócio foi emblemático. A Ambev surgiu da união de forças das duas maiores concorrentes no final dos anos 1990, a Antarctica e a Brahma. “As negociações foram rápidas. Não duraram nem quatro meses”, relembrou o empresário em depoimento ao Museu da Pessoa.  A ideia, segundo ele, era formar uma grande empresa brasileira. “Para competir, de igual para igual, com os maiores concorrentes mundiais”, explicou.

Sua visão contribuiu para transformar o mercado de bebidas. Somente no Brasil, a Ambev conta com 32 cervejarias e duas maltarias, 100 centros de distribuição direta e seis centros de excelência. São 30 marcas de bebida e 35 mil colaboradores.

Desde então, Gracioso manteve-se na linha de frente do conselho da Ambev por mais de 20 anos, participando de tomadas de decisão que moldaram a indústria global de bebidas, com destaque para a fusão com a belga Interbrew, criando a multinacional Belgo-Brasileira AB Inbev, e, quatro anos depois, a criação da maior cervejaria do mundo – a Anheuser-Busch InBev.

Permaneceu no mandato até fevereiro de 2021.

Fundação Zerrenner: gestão para alavancar beneficência

Além do papel na Ambev, José Heitor Attílio Gracioso teve uma gestão direta na Fundação Zerrenner (FAHZ), instituição que detém 10,23% do capital total da Ambev (em 2019) e basicamente tem caráter de beneficência, com serviços de assistência médica, hospitalar e educacional a empregados e dependentes da companhia e suas controladas com sede e operação no Brasil.

Em 1999, foi eleito membro do conselho de administração da FAHZ. Em 2000, assumiu o cargo de presidente do conselho e, em 2009, a posição de diretor executivo.

Desde então foram mais de 21 anos dedicados à Fundação como presidente do conselho e 12 como um dos diretores executivos.

Ao lado do inseparável Victório de Marchi, com quem trabalhou por aproximadamente cinco décadas, Gracioso foi um dos idealizadores da aquisição, pela Zerrenner, de 15,31% das ações ordinárias de um dos maiores grupos empresariais privados do Brasil e da América Latina, a Itaúsa Investimentos Itaú S/A. A operação foi anunciada em dezembro de 2017, na B3, por R$ 4,5 bilhões.

Hoje, a Fundação detém 15,3737% do capital votante e 6,2995% do capital total da Itaúsa.

A aquisição das ações foi concebida, então, para atender a um dos objetivos da FAHZ: a diversificação de investimentos para manter a qualidade de atendimento aos empregados e dependentes da Ambev e suas controladas.

Com os dividendos da Ambev e da Itaúsa, a Fundação mantém duas escolas gratuitas de ensino fundamental e médio, com cursos técnicos em parceria com o Senai. Somente em 2020 foram mais de 2.000 alunos atendidos, com custeio de aproximadamente 1.100 bolsas de estudos de formação universitária e de pós-graduação para os empregados da Ambev.

A lista de iniciativas inclui o pagamento de mais de 19 mil auxílios destinados à aquisição de material escolar para os empregados, seus filhos e alunos carentes das comunidades.

Na área de saúde, a FAHZ proporciona assistência médico-hospitalar para cerca de 70.000 beneficiários, além de diversas ações de assistência social.

ESPM: educação sempre presente

O gosto pela educação sempre fez parte da vida do empresário.

Formado em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Gracioso completou sua formação com um bacharelato em Direito, pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, e um curso de Propaganda e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM – São Paulo).

Muito ligado à instituição, tomou posse em 1993 como conselheiro associado da Associação da ESPM.

Em agosto de 2012, foi eleito como suplente do conselho fiscal da ESPM, cargo que ocupou até abril de 2013, quando foi novamente eleito — desta vez como membro titular.

Manteve-se na função por três mandatos, permanecendo até abril de 2019.

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