Inflação e custo de vida: as novas preocupações dos brasileiros
Por André Jácomo*
Para muitas pessoas, a pandemia deixou de ser o principal problema do país nesse momento. Com mais brasileiros vacinados do que não vacinados, algumas rotinas do velho mundo vão voltando ao normal lentamente. Mas nem tudo voltou ainda ao normal: ou porque alguns ainda sentem medo da covid-19 e suas variantes ou porque economicamente estão impossibilitados de fazê-lo.
Hoje, a preocupação do brasileiro com a sua situação econômica financeira é tão grande quanto a sua preocupação com a saúde. Uma pesquisa realizada em agosto pelo Instituto FSB Pesquisa com dois mil brasileiros, com representatividade em todos os segmentos sociodemográficos, mostrou que 32% apontam a saúde como a primeira ou segunda preocupação com o país. Em seguida, as questões econômicas saltam aos olhos. São 31% dos entrevistados que selecionam o desemprego como uma das principais preocupações e 27% mencionam o custo de vida.
Esse último dado precisa ser colocado em duas perspectivas dentro das pesquisas de opinião: uma histórica e outra transversal.
Desde 1990, nunca as pesquisas de opinião tinham medido uma saliência tão alta da preocupação com a inflação pela população brasileira. Nesse período, a percepção da inflação como um dos problemas mais graves nunca superou dois dígitos. Apenas para termos ideia, em março deste ano, 12% dos brasileiros diziam que os preços eram uma das principais preocupações. Atrás de outros problemas, como pobreza, corrupção e educação.
Por outro lado, a pesquisa realizada pelo Instituto FSB Pesquisa mostra uma grande homogeneidade entre os perfis socioeconômicos que citam preocupação com o custo de vida. Não há grandes variações nesse percentual seja entre os diferentes sexos, faixas etárias, níveis de renda, regiões do país ou porte de município. Todos estão muito preocupados com os preços das coisas.
A grande questão é que como qualquer tema da agenda política, um assunto vira uma preocupação à medida que ele se torna notável, seja por meio de experiências diárias ou por meio dos meios de comunicação. Acontece que ao contrário de alguns problemas, o custo de vida é sentido diretamente no bolso das pessoas e dificilmente há espaço para qualquer intermediação de comunicação.
*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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