Não é momento de discutir um impeachment, diz Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira que o Congresso deve investigar as falhas na gestão de saúde durante a pandemia que resultaram, entre outros problemas, na falta de oxigênio em hospitais de Manaus, mas ponderou que não é o momento de discutir um impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
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Para ele, discutir o impeachment colocaria o Legislativo no centro de uma discussão política e tiraria o foco das ações de enfrentamento à crise do coronavírus.
“É inevitável que a gente tenha pelo menos uma grande comissão parlamentar de inquérito, seja da Câmara ou do Congresso, a partir de um momento mais na frente”, disse, após comentar que a falta de insumos de saúde em Manaus e “outras regiões” integrará uma “grande investigação”.
Sobre o caos no sistema de saúde em Manaus, onde a falta de oxigênio em 14 de janeiro levou à morte de pacientes por asfixia Maia lembrou que a responsabilidade pela coordenação do Sistema Único de Saúde (SUS) é do governo federal.
Maia ressaltou que alguns laboratórios enviaram propostas de venda de vacinas ao governo federal por e-mail e que nunca tiveram resposta. “Não se acreditava nesse tema, na importância da vacina. O que me estranha é que o ministro Pazuello, com quem tenho uma boa relação, acho que é bom militar, mas o motivo que o levou ao ministério, que era ser um homem bom de logística, provou-se um fracasso, pelo menos até o momento”, afirmou.
“Se ele fosse bom de logística, ele teria organizado e planejado acompanhando os indicadores de crescimento do problema em Manaus e outras regiões de forma a não faltar insumos para o trabalho dos profissionais de saúde”, finalizou.
Eleição da Câmara será presencial e no dia 1º de fevereiro
Rodrigo Maia confirmou que as eleições para o comando da Casa serão realizadas de forma totalmente presencial em 1º de fevereiro. A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Casa, com voto contrário de Maia.
A Casa estudava a possibilidade de voto virtual ao menos para os deputados do grupo de risco na pandemia de covid-19, mas o bloco do candidato Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, era contra. O Progressistas já havia questionado oficialmente a Câmara, inclusive, levantando suspeitas sobre ataques hackers.
Para resolver o imbróglio, a Mesa Diretora da Câmara foi convocada para reunião hoje para deliberar e definir o formato da eleição. “Se decidiu por maioria, contra meu voto, não haver flexibilidade na votação presencial”, disse Maia. Ele era a favor da flexibilização para os idosos e para parlamentares com comorbidades.
De acordo com Maia, em razão dessa decisão, 513 deputados e um total de ao menos 3 mil pessoas terão que comparecer à Câmara no dia da votação.
Ele lembrou a posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Fux, em que vários convidados, incluindo Maia, se contaminaram com covid-19. “Vamos trazer parlamentares de 27 Estados em um momento de crescimento da pandemia”, disse, destacando que a nova variante do vírus é mais contagiosa e letal.
A Mesa Diretora adiou a terceira decisão que deveria ter tomado sobre a validade das assinaturas de deputados suspensos do PSL, o que pode tirar o partido do bloco de Baleia Rossi (MDB-SP) e colocar a sigla no de Lira. A legenda é a segunda maior bancada da Casa.
Ainda sobre a eleição, Maia disse ter divergido da Mesa, mas que precisa respeitar o resultado. “Eu achei que uma parte lá (Mesa) ia pedir voto impresso, contaminada pelo governo”, disse Maia em tom de brincadeira. “Parece que vêm manifestantes defender candidato do governo e voto impresso já. Você vê que risco nós estamos correndo para 2022”, disse. Maia afirmou ter certeza que o ministro do STF, responsável pelas eleições de 2022, Alexandre de Moraes (…) terá bastante comando sobre o processo eleitoral.
Como o Broadcast Político mostrou na semana passada, grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro organizam caravanas em direção a Brasília para pressionar pela eleição de Lira na presidência da Câmara. Na visão deles, o líder do Centrão é o único nome na disputa que pode levar adiante a adoção do voto impresso para as eleições presidenciais de 2022. O novo modelo de votação é bandeira de Bolsonaro, que tem colocado em xeque a lisura do sistema eleitoral brasileiro, mas sem apresentar provas.