O luto dos cuidadores
Como lidar com o vazio depois da morte do ente querido que estava sob nossa responsabilidade Já escrevi diversas vezes sobre como desempenhar o papel de cuidador é uma tarefa desgastante, estressante e, quase sempre, pouco valorizada. No entanto, mesmo que o ente querido tenha tido um fim de vida de sofrimento, sua morte não traz alívio, e sim um enorme sentimento de vazio que acompanha a dor da perda. Os anos de dedicação definem a jornada do cuidador, por isso o término da função pode provocar uma crise profunda. Esse era o conteúdo de um impactante artigo de Amy Goyer, autora do livro “Juggling work and caregiving” (“Fazendo malabarismos entre o trabalho e cuidar”). Há 35 anos ela é consultora na área de envelhecimento e relações familiares, mas a experiência não a blindou da sensação de ter perdido o propósito da própria existência depois da morte do pai, ainda mais porque havia dado assistência a outros membros da família, como a mãe e a irmã, e ali se encerrava um ciclo que havia ditado sua trajetória.
O luto do cuidador: o término desse papel pode provocar um enorme sentimento de vazio
Sabine van Erp para Pixabay
Quando o cuidador não é profissional, seu luto não se resume à dor, ao sentimento de vazio. Pode ter implicações dramáticas inclusive do ponto de vista financeiro, porque uma parcela significativa abre mão do emprego para se dedicar a essa tarefa. Fora do mercado de trabalho, sem tempo ou oportunidade para se qualificar, há um horizonte sombrio pela frente. Por isso, por mais que pareça egoísta pensar no assunto, é preciso planejar o que fazer na sequência da perda. Amy conta que, no primeiro ano após o falecimento do pai, estava sempre doente: “os médicos me diziam que meu sistema imunológico estava comprometido por causa do estresse prologado. Eu estava física, emocional e mentalmente esgotada. Quando o compromisso de cuidar de alguém acabou, eu simplesmente desabei”, escreveu. Se você está procurando por pulseira. Há algo para combinar com cada visual, desde os mais justos ao corpo até os estruturados, de punhos a correntes e punhos.
Acho importante compartilhar o desabafo de uma expert no assunto porque é um problema vivido por muita gente, que, com frequência, não procura ajuda. Na verdade, o senso comum é de que o cuidador vai se sentir “aliviado”. Mas como se, durante anos a fio, a vida foi exatamente se dedicar ao outro? Embora não exista uma receita mágica, o caminho de volta à paz de espírito e à alegria passa pelo resgate de pequenos prazeres, como fazer exercício, relaxar, meditar e se dedicar a atividades criativas. São coisas deixadas de lado por quem está focado apenas em garantir o bem-estar dos entes queridos e se esquece das próprias necessidades. Cuidar-se e reconstruir a vida acaba se transformando numa homenagem aos que se foram.