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Países com instabilidade política e extremismo religioso tendem a confiar menos nas vacinas, aponta estudo global

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Países com instabilidade política e extremismo religioso tendem a confiar menos nas vacinas, aponta estudo global


Pesquisa destacou ainda que a desconfiança com os imunizantes também está presente em países laicos e com democracias estáveis. Manifestantes antimáscaras protestam também contra a obrigação da vacinação, em Roma
Vincenzo Pinto/AFP
Um estudo publicado nesta quinta-feira (10) na revista científica The Lancet mostrou que países que enfrentam instabilidade política e extremismo religioso tendem ter maior desconfiança em relação à segurança, eficácia e importância das vacinas.
O estudo destaca o caso da Indonésia como uma das maiores quedas na confiança pública em todo o mundo entre 2015 e 2019: a percepção de segurança caiu 14% (de 64% para 50%); a importância caiu 15% (de 75% para 60%), e a eficácia caiu 12% (de 59% para 47%).
Os autores atribuem as quedas na Indonésia à atitudes de líderes muçulmanos que questionaram a segurança de vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola, alegando que tais imunizantes continham ingredientes derivados de porcos e, por isso, representavam o pecado. Ao mesmo tempo, curandeiros locais que promoviam alternativas à vacinação.
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Instabilidade política e/ou extremismo religiosos também fez aumentar a desconfiança nos programas de vacinação em do Oriente Médio, com destaque para:
Azerbaijão: 2% em 2015 discordavam fortemente que vacinas são seguras, aumentando para 17% em 2019
Paquistão: 2% em 2015 discordavam fortemente que vacinas são seguras, aumentando para 4% em 2019
Sérvia: 4% em 2015 discordavam fortemente que vacinas são seguras, aumentando para 7% em 2019
Conduzido por cientistas da Universidade John Hopkins e da Escola de Medicina Tropical de Londres, a pesquisa ouviu mais de 284 mil pessoas com 18 anos ou mais, de 149 países, entre 2015 e 2019. Em cada entrevista, os cientistas perguntavam a opinião dos participantes em relação à segurança, importância e eficácia das vacinas.
Por outro lado, o estudo destaca que, entre os países que tiveram a maior proporção de entrevistados que concordam que é importante vacinar as crianças, aparecem Iraque (95% concordam), Libéria (93%) e Senegal (92%).
Independentemente dos país onde vive, a pesquisa descobriu que os entrevistados do sexo masculino, assim como os menos escolarizados, apresentaram uma menor chance de se vacinarem.
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Os cientistas também destacam que a desconfiança e descrença com as vacinas também está presente em países laicos e/ou relativamente estáveis da União Europeia.
Na Polônia, por exemplo, houve uma queda na confiança recentemente: enquanto 64% concordavam em novembro de 2018 que as vacinas são seguras, o número caiu para 53% em dezembro de 2019, refletindo o crescente impacto de um movimento anti-vacina local.
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Por outro lado, a confiança nos programas de imunização estão aumentando na Finlândia, França, Itália e Reino Unido.
Na França, onde a confiança nas vacinas já foi, segundo os pesquisadores, relativamente baixa, houve um aumento na confiança, de 22% em novembro de 2018, para 30% em dezembro de 2019.
No Reino Unido, a confiança nas vacinas aumentou de 47% em maio de 2018 para 52% em novembro de 2019
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Questão de saúde global
Os pesquisadores apontam a confiança pública na imunização como uma questão de saúde global cada vez mais importante, uma vez que a desconfiança leva a uma recusa em se vacinar, contribuindo para surtos de doenças que até pouco tempo já haviam sido controladas, como o sarampo, a poliomielite e a meningite.
Com a esperança de alcançarmos uma vacina eficaz contra o coronavírus nos próximos meses, os cientistas do estudo alertam que é preciso fazer um trabalho de informação e conscientização da população sobre a importância dos programas nacionais de vacinação.
“O público parece geralmente entender o valor das vacinas, mas a comunidade científica e os profissionais da saúde pública precisam fazer muito mais para construir a confiança da população na segurança das vacinas, particularmente com a esperança de conseguirmos uma vacina contra a Covid-19”, diz uma das autoras do estudo, Clarissa Simas, da Escola de Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido.
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