Planejando uma aposentadoria que vai durar 30 anos
Mesmo que de forma modesta, dê o primeiro passo: crie um objetivo para daqui a seis meses O Centro de Longevidade de Stanford preparou, em parceria com o Wells Fargo Wealth & Investment Management, um roteiro para o planejamento da aposentadoria na era da longevidade: um período que pode durar algo em torno de 30 anos e que, segundo especialistas, caminha para atingir em breve a marca de quatro décadas! Nos últimos cem anos, a expectativa de vida nos Estados Unidos foi de 53 anos, em 1920, para 79 anos, atualmente. O Brasil não fica longe: quem nasce em 2020 deve passar dos 76 anos, 30 a mais que os nascidos em 1940. Esse é um prêmio que está sendo concedido a um grande número de países, mas, se temos a oportunidade de passar mais tempo com as pessoas que amamos, também precisaremos nos organizar desde cedo.
Pesquisa realizada pelo Projeto Longevidade, com 2.200 adultos, mostrou que dois terços dos norte-americanos apontam a segurança financeira como um elemento chave para a longevidade, mas apenas um terço avalia que está poupando o que deveria para a aposentadoria. Infelizmente, nossos números são muito piores. Relatório global do sistema previdenciário, realizado pelo Grupo Allianz e divulgado no meio do ano, deixava o Brasil em 43º. lugar entre 70 países pesquisados. As cinco primeiras posições são ocupadas por Suécia, Bélgica, Dinamarca, Nova Zelândia e EUA, mas um dado é ainda mais preocupante: 90% dos brasileiros acima dos 25 anos não poupam pensando na aposentadoria.
Poupança: o ideal é começar o quanto antes, porque todo investimento se beneficia do fator tempo
TheDigitalWay para Pixabay
Apesar do cenário de enorme desigualdade, teremos que fazer um esforço extra para dar os primeiros passos para ampliar o hábito da poupança. Para começar, há perguntas incômodas para serem respondidas: quanto anos acho que vou viver? Quanto deverei gastar com minha saúde? Conseguirei continuar a trabalhar depois da aposentadoria? O desafio é grande, mas quem tem um perfil planejador consegue, inclusive, ser mais otimista sobre suas chances de fazer um pé de meia.
Em primeiro lugar, não desista diante da perspectiva de que essa poupança deve durar 30 anos. Apenas comece, mesmo que de forma modesta: crie um objetivo para daqui a seis meses, tente planejar sua vida financeira no horizonte de um ano. Outra providência: converse com outras pessoas sobre dinheiro. Temos uma cultura arraigada de não falar sobre o assunto, mas ela não traz qualquer vantagem. Se você não tem acesso a um consultor financeiro, pode se aconselhar com seu chefe, com um parente ou amigo que esteja em situação mais estável. Terceiro ponto: comece o quanto antes, porque todo investimento se beneficia do fator tempo.
Se sua empresa tem algum plano de previdência privada, no qual há uma contrapartida do empregador, nem pense duas vezes: participe e faça a maior contribuição possível. Quando mudar de emprego, certifique-se de transferir esse patrimônio para o novo trabalho. Se já se convenceu sobre esses cinco conselhos, não perca de vista o sexto: aceite que, em se tratando de dinheiro, algo pode dar errado. É a chamada volatilidade dos mercados, que sofrem com crises políticas e econômicas. Ou sanitárias, como a pandemia do novo coronavírus.
Vamos ao sétimo mandamento: antes tarde do que nunca. Quando perguntados sobre o que teriam feito de diferente em relação às suas finanças, 52% disseram que deveriam ter poupado mais e 42% afirmaram que gostariam de ter começado a se planejar antes. Oitavo e nono pontos: considere a hipótese de trabalhar por mais tempo. Além de esticar o prazo que tem para poupar, a decisão vai permitir que sua aposentadoria engorde um pouquinho. E pense num arranjo flexível para a pós- aposentadoria, com uma atividade remunerada numa jornada menor. A lista de recomendações se encerra com um plano de despoupança: muito cuidado para não torrar o que custou tanto a acumular.