Queiroga diz que vacinar todos os professores não é exigência para reabertura das escolas e que aulas 'já deveriam ter voltado antes'
Um dia após ministro da Educação defender retorno às aulas, ministro da Saúde informou que uma portaria interministerial sobre sobre o retorno deverá ser publicada até a próxima semana. Ministro da Saúde Marcelo Queiroga durante coletiva nesta quarta, 21 de julho, em Brasília.
Divulgação/Ministério da Saúde
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu em dois momentos distintos nesta quarta-feira (21) o retorno das aulas presenciais no Brasil. Ele afirmou que uma portaria interministerial sobre o tema deverá ser publicada até a próxima semana.
“Está sendo finalizada [a portaria]. Acredito que até a semana que vem devemos ter uma posição definitiva”, disse o ministro nesta manhã em uma conversa com jornalistas.
Questionado se o momento é seguro para a reabertura das escolas, uma vez que nem todos os professores foram vacinados, Queiroga respondeu que as aulas já deveriam ter voltado e que 80% dos professores receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, apesar de a vacinação “não ser exigência”.
“Acho que (as aulas) já deveriam ter voltado antes, para ser sincero, porque os nossos adolescentes estão sendo prejudicados. Não tem exigência de vacinar professores, isso é invencionice (…) 80% dos professores do ensino básico receberam a primeira dose da vacina”, afirmou Queiroga, defendendo que as escolas precisam neste momento de protocolos de segurança, como o uso de máscaras e testagem.
Durante a tarde, em outra coletiva de imprensa, o chefe da pasta da Saúde voltou a tocar no tema.
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“Nós temos que trabalhar para voltar às aulas no Brasil. E, para isso, protocolos têm que ser seguidos e vacinar a população brasileira. Isso que a gente tem feito”, disse.
Em um pronunciamento em rede nacional na terça-feira (20), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu o retorno às aulas presenciais em todo o país.
“Quero neste momento conclamá-los ao retorno às aulas presenciais. O Brasil não pode continuar com as escolas fechadas gerando impacto negativo nestas e nas futuras gerações”, disse.
Ainda durante a coletiva no período da tarde, o ministro foi questionado sobre o retorno nesta quarta dos jogos de futebol em Brasília com a presença do público. Queiroga defendeu o retorno das atividades econômicas em geral e disse que o país deverá conviver com a pandemia até conseguir controlá-la
“Em relação a atividades esportivas (…) até onde sei, o público será testado. É necessário que já consigamos promover um retorno às atividades econômicas, temos disponibilidade de leito nos hospitais, vamos conviver com essa situação pandêmica”, disse. “Até lembro os versos de Lulu Santos: ‘nada do que foi será do jeito que já foi um dia’. Então temos que nos acostumar com o novo normal”, completou.
Ele lembrou que cerca de 50% da população com mais de 18 anos recebeu uma dose da vacina até o momento, mas demonstrou preocupação com as variantes do coronavírus. “O que nos preocupa hoje são as variantes”, disse.
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Falha nos protocolos
Embora pesquisas apontem perda de aprendizagem de alunos que estão em aulas remotas, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) aponta que estados ainda apresentam falhas em protocolos de biossegurança para o retorno seguro às aulas presenciais.
Com base em oito eixos que a ciência já comprovou serem importantes de levar em consideração, como máscaras, ventilação, imunização, testagem, transporte, ensino remoto, distanciamento, e higiene, os pesquisadores criaram um índice de segurança para o retorno às aulas presenciais.
A média das pontuações coloca os estados com notas baixas, de 30 a 59, enquanto o máximo é 100.
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