Sintomas de depressão aumentaram três vezes nos EUA durante a pandemia de Covid, diz estudo
Antes do coronavírus, 8,5% dos residentes relataram algum sinal de depressão. Esse número subiu para 27,8% na pandemia. Um estudo feito no Brasil também tenta entender a relação da saúde mental com a Covid-19. Depressão: pandemia do novo coronavírus tem impacto na saúde mental das pessoas
Gerd Altmann por Pixabay
Um estudo publicado na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association) aponta que os sintomas de depressão aumentaram mais do que três vezes durante a pandemia de Covid-19, nos EUA, em comparação com dados anteriores, de 2017 a 2018. Antes do coronavírus, 8,5% dos residentes relataram algum sinal de depressão. Esse número subiu para 27,8% na pandemia.
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Pessoas com menos recursos sociais, menos recursos econômicos e maior exposição aos “gatilhos” de estresse, como perda de emprego, relataram uma carga maior de sintomas de depressão.
Um outro estudo publicado como prévia (pré-print), também mostrou que a pandemia está afetando a saúde mental no Brasil (veja mais abaixo).
Nos EUA, a pesquisa foi feita no início da pandemia, entre os dias 31 de março e 13 de abril, com 1.441 participantes, com 18 anos ou mais. Eles responderam questões relacionadas à perda de emprego, morte de alguém próximo por causa do coronavírus, problemas financeiros. O maior risco de sintomas de depressão durante a pandemia foi associado a ter renda mais baixa e exposição a mais situações de esgotamento físico e emocional.
Sintomas de depressão em adultos nos EUA antes e durante a pandemia de Covid-19
Reprodução/Jama
No geral, a prevalência foi 1,5 vez maior para sintomas de depressão leve; 2,6 vezes maior para sintomas moderados; 3,7 vezes maior para moderadamente grave e 7,5 mais alto para sintomas de depressão grave.
Trabalhos anteriores sobre interrupções na vida devido a desastres, epidemias ou distúrbios civis, dizem que a exposição a eventos traumáticos em grande escala está associada ao aumento de doenças mentais nas populações afetadas.
Mas os pesquisadores ressaltam que as consequências para a saúde mental não são uniformemente distribuídas pelas populações. Renda mais baixa e menos riqueza está associado a maior carga de doença mental.
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Estudo no Brasil
Outro estudo, feito no Brasil, também tenta entender a relação da saúde mental com a Covid-19. A pesquisa, divulgada pelo site Medrivx, ainda não passou por revisão de pares. Foram analisados 895 pacientes, com 18 anos ou mais, que testaram positivo para SARS-CoV-2, por até 14 dias.
Depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) foram relatados por 26,2%, 22,4% e 17,3%, respectivamente. Os pesquisadores avaliaram a saúde mental do paciente quase dois meses após o contágio.
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A pesquisa concluiu que é provável que o aumento da prevalência de doenças mentais pós-coronavírus são resultantes do contexto psicossocial da pandemia. “Pessoas que foram infectadas com Covid-19 provavelmente experimentaram longos períodos de quarentena, e alguns relataram medo de transmitir o vírus para as pessoas próximas”.
A incerteza em torno do tratamento do coronavírus e o medo podem piorar os sintomas de saúde mental.
Crise de saúde mental nas Américas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a pandemia de Covid-19 está causando uma crise de saúde mental nas Américas devido ao estresse maior e ao uso de drogas e álcool durante os seis meses de medidas de isolamento e confinamento domiciliar.
“A pandemia de Covid-19 causou uma crise de saúde mental em nossa região em uma escala que nunca vimos antes”, disse Carissa Etienne, diretora regional da OMS. “É urgente que o apoio de saúde mental seja considerado um componente crítico da reação à pandemia”.
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