Sobreviventes da SARS dão pistas sobre como combater pandemias
Uma descoberta inesperada em sobreviventes do surto de SARS em 2003 oferece pistas importantes sobre como as vacinas de próxima geração podem combater as perigosas variantes do coronavírus agora e proteger contra futuras pandemias.
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Os sinais foram encontrados no sangue de pessoas que contraíram o vírus que causa a síndrome respiratória aguda grave, ou SARS, há quase 20 anos. Sobreviventes que recentemente receberam duas doses da vacina contra a Covid-19 da Pfizer desenvolveram anticorpos que não apenas bloquearam o vírus atual e suas variantes, mas também combateram patógenos relacionados que poderiam gerar surtos futuros.
“Foi realmente inesperada, mas uma descoberta importante”, disse Linfa Wang, professor de virologia da Escola de Medicina Duke-NUS de Singapura e principal autor do artigo que comparou as respostas imunológicas de diferentes grupos de pacientes. Os resultados foram publicados na quinta-feira no New England Journal of Medicine.
Wang estuda vacinas experimentais baseadas na SARS que podem reforçar a imunidade gerada pelos imunizantes atuais da Covid para proteção contra uma gama mais ampla de variantes do SARS-CoV-2 e seus primos virológicos. Isso inclui os chamados sarbecovírus, às vezes transportados por morcegos, pangolins, civetas e outros animais selvagens, todos vetores potenciais para novas infecções em humanos.
“Com base em nossos dados, há um vislumbre de esperança de que agora possamos realmente desenvolver uma vacina pan-sarbecovírus eficiente”, que protegeria contra uma série de infecções, disse Wang em entrevista por Zoom. “Pela primeira vez, talvez possamos fazer algo no contexto de preparação para uma pandemia.”
Reforço
Mais pesquisas estão em andamento para entender como a vacinação sequencial é capaz de preparar o sistema imunológico e, em seguida, aumentar a resposta para se defender contra os sarbecovírus, disse Wang. Ele espera que os estudos com pacientes sobre as novas vacinas comecem neste ano ou no próximo.
Além disso, os potentes anticorpos produzidos por sobreviventes da SARS vacinados contra a Covid podem fornecer a base para tratamentos conhecidos como anticorpos monoclonais, disse Wang. Eles serão estudados mais detalhadamente e, se bem-sucedidos, podem ser armazenados para fornecer um tratamento rápido para pacientes infectados com novos sarbecovírus, explicou.
A pesquisa é baseada na tecnologia desenvolvida por Wang e colegas que permite aos cientistas identificar as cepas específicas do coronavírus que desencadearam a produção de anticorpos. Dessa forma, um simples exame de sangue pode determinar em uma hora com qual variante um paciente de Covid-19 foi infectado, disse Wang. A técnica de análise de anticorpos também pode ser usada para identificar os primeiros casos de Covid-19 e potencialmente o progenitor do SARS-CoV-2, disse.
O estudo foi financiado por doações da Fundação Nacional de Pesquisa de Singapura e do Conselho Nacional de Pesquisa Médica.