Startup une Monja Coen e Ricardo Amorim para aumentar a produtividade
O tema saúde mental ganhou importância por causa da Olimpíada de Tóquio. Estrela da ginástica-artística, a americana Simone Biles deixou de participar de duas competições, em que era favorita ao ouro, para tratar do seu bem-estar emocional. A escolha parece inusitada, porém, em uma grande empresa, é provável que muitos funcionários deixem de produzir pelo mesmo motivo. E o pior, sem ter a consciência do problema.
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Essa é a questão principal tratada pela startup Zenklub, que opera uma plataforma de saúde mental voltada para empresas. “Em alguns casos, tratar a saúde mental de uma pessoa aumenta sua produtividade em 40%”, afirma Cassia Messias, diretora de operações da empresa. “Apenas falar sobre seus sentimentos já pode dar resultado.”
A startup foi criada em 2016, pelos empreendedores portugueses Rui Brandão e José Simões, como uma plataforma para conectar terapeutas, psicanalistas, psicólogos e coaches a pessoas que estão buscando melhorar sua saúde mental. No ano passado, muito em função da pandemia, Brandão e Simões perceberam a forte demanda do mercado corporativo e “pivotaram” o negócio.
O foco da Zenklub agora está no acompanhamento da saúde mental nas empresas, por meio da geração e análise de dados. As consultas online continuam funcionando, porém, a ambição da plataforma aumentou. “O objetivo é compreender a correlação entre baixa performance e absenteísmo com a saúde mental”, afirma Messias.
Absenteísmo é maior em ambientes hostis
Alguns dados dão uma pista de como tratar a saúde mental pode refletir no resultado. Segundo a diretora, em uma grande empresa, 5% da força de trabalho se relaciona com 50% dos sinistros no plano de saúde. “Estamos falando de doenças como hipertensão, diabetes, dores nas costas, que têm relação com fatores psicológicos”, diz ela. “Uma coisa que acontece é a pessoa ir ao pronto-socorro achando que está tendo um ataque cardíaco quando, na verdade, é um ataque de pânico.”
Aproximadamente 300 empresas utilizam os serviços da Zenklub, entre elas, Ambev, Qualicorp e Natura. O escopo do trabalho depende do cliente e pode alcançar até os familiares dos trabalhadores. “Esse é o cenário ideal. Problemas no emprego afetam a família e vice-versa”, afirma a diretora.
Mesmo para funcionários que não tenham problemas de saúde mental, a plataforma oferece sessões de coach e aprimoramento profissional. “Vamos de Monja Coen até Ricardo Amorin”, diz Messias. “A ideia é destravar a capacidade criativa das pessoas e fomentar o empreendedorismo, que serão cada vez mais relevante para as empresas com a digitalização dos processos.” No aplicativo da Zenklub há uma série de conteúdos sobre saúde mental e empreendedorismo. O usuário também encontra entrevista com esportistas, artistas, jornalistas e filósofos.
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Aporte de R$ 45 milhões
O ano de 2021 começou animado para a Zenklub. Depois de um namoro de mais de um ano com as gestoras SK Tarpon e GK Ventures (de Eduardo Mufarej), a companhia anunciou ter recebido um aporte de 45 milhões de reais em sua série A, em fevereiro.
Desde sua fundação, a startup já recebeu mais de 70 milhões de reais em aportes. Sua última rodada havia sido em maio de 2020, quando levantou 16 milhões de reais com o fundo português Indico Capital Partners.
O número de clientes corporativos deu um salto entre janeiro e dezembro do ano passado, passando de cerca de 10 empresas para mais de 220 (hoje são 300). A rede de especialistas autorizados a atender quadruplicou e hoje já soma mais de 800 profissionais. Por mês, são feitas 50.000 sessões pela plataforma.
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