Supercondutores: o material que promete uma revolução energética
Encontrar um material supercondutor de energia e que funcione à temperatura ambiente é o desejo dos cientistas há um século. Em um laboratório, eles finalmente conseguiram. Um dispositivo de alta pressão chamado bigorna de diamante foi usado para o experimento
J. Adam Fenster
A ciência finalmente encontrou o primeiro material com uma propriedade buscada por quase um século: a supercondução à temperatura ambiente.
Um material supercondutor permite que a corrente elétrica flua por ele com perfeita eficiência, sem desperdiçar energia.
Até agora, grande parte da energia que geramos é perdida devido à resistência elétrica, que é dissipada na forma de calor.
Portanto, materiais supercondutores em temperatura ambiente podem revolucionar a rede elétrica.
No passado, atingir a supercondutividade exigia o resfriamento de materiais a temperaturas muito baixas. Quando esta propriedade foi descoberta em 1911, ela ocorria a uma temperatura próxima do chamado zero absoluto (-273,15° C).
Desde então, os físicos encontraram materiais que podem ser supercondutores em temperaturas mais altas, mas ainda assim muito frias.
A equipe por trás desta última descoberta observou a propriedade supercondutora em um composto de hidreto de enxofre carbonáceo a uma temperatura de 15° C.
No entanto, a propriedade só apareceu em pressões extremamente altas de 267 bilhões de pascais — cerca de um milhão de vezes mais altas do que a pressão típica dos pneus de um carro.
Isso obviamente limita sua utilidade prática.
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Os cientistas foram capazes de observar o comportamento supercondutor em temperatura ambiente
J. Adam Fenster
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“Devido aos limites da baixa temperatura, materiais com propriedades tão extraordinárias não transformaram o mundo da maneira que muitos poderiam imaginar”, diz o físico Ranga Dias, da Universidade de Rochester, em Nova York, que fez parte da equipe.
“No entanto, nossa descoberta quebrará essas barreiras e abrirá a porta para muitas aplicações potenciais.”
O próximo objetivo será encontrar maneiras de criar supercondutores em temperatura ambiente em pressões mais baixas, o que tornará mais econômico produzi-los em maior volume.
Dias diz que quando isso for descoberto “poderá mudar definitivamente o mundo como o conhecemos”.
Nos Estados Unidos, as redes elétricas perdem mais de 5% de sua energia no processo de transmissão. Portanto, evitar essa perda poderia potencialmente economizar bilhões de dólares e até mesmo afetar o clima do planeta.
Esses materiais podem ter muitas outras aplicações.
Isso inclui uma nova maneira de impulsionar trens magnéticos, como os Maglevs que “flutuam” nos trilhos do Japão e da China. A levitação é uma característica de alguns materiais supercondutores.
Outra aplicação seria na eletrônica para torná-la mais rápida e eficiente.
“Com este tipo de tecnologia, podemos nos tornar uma sociedade supercondutora onde você nunca mais precisará de coisas como baterias novamente”, disse o coautor do estudo, Ashkan Salamat, da Universidade de Nevada em Las Vegas.
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