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Vacina russa para Covid-19 deverá garantir imunidade por no mínimo 2 anos, dizem cientistas

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Vacina russa para Covid-19 deverá garantir imunidade por no mínimo 2 anos, dizem cientistas


Instituto Gamaleya, em Moscou, que desenvolveu a ‘Sputnik V’, fez o anúncio nesta quinta-feira (20). Imunização deverá ser testada em 40 mil pessoas na Rússia na fase 3 de ensaios clínicos. Vacinação em massa tem previsão de começar em outubro, e a exportação, em novembro. A foto, do dia 6 de agosto, mostra a vacina desenvolvida na Rússia contra a Covid-19, a primeira a ser registrada em todo o mundo contra a doença.
Handout / Russian Direct Investment Fund / AFP
A vacina russa para a Covid-19 deverá dar imunidade à doença por no mínimo 2 anos, anunciou nesta quinta-feira (20) o Instituto Gamaleya, em Moscou, que desenvolveu a vacina, batizada de “Sputnik V”.
A vacina foi registrada na semana passada pelo governo russo, mas, até agora, não foram publicados estudos que mostrem os resultados dos testes da imunização. Por isso, ela é vista com desconfiança pela comunidade internacional.
O Gamaleya também anunciou que a vacina deverá ser aplicada, a partir da semana que vem, em mais de 40 mil pessoas em 45 centros médicos na Rússia, como parte dos ensaios de fase 3. A vacinação em massa tem previsão de começar em outubro no país, e a exportação, em novembro.
O país estuda diversas parcerias internacionais para os testes e a produção das vacinas, inclusive com o Brasil, segundo os cientistas do instituto. Não foi informado, entretanto, se já havia algum trato fechado para testar a Sputnik V fora do território russo.
O governo do Paraná firmou uma parceria com o governo russo para desenvolver a vacina, mas nenhum teste clínico foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) até agora. A última imunização a ser autorizada para ensaios no país foi a Ad26.COV2.S, da Johnson & Johnson.
Sem estudos
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Segundo o site da vacina, ela foi testada em animais antes de ser aplicada em humanos – incluindo em dois tipos de primatas. A Rússia não publicou, entretanto, nenhum estudo científico sobre os testes que realizou.
Os testes em humanos começaram em 18 de junho, quando o primeiro grupo, de 18 voluntários, recebeu a imunização em sua forma liofilizada (a liofilização é uma espécie de “desidratação da vacina”, que estabiliza a molécula). Cinco dias depois, no dia 23, mais 20 pessoas receberam a dose, também deste tipo.
Segundo os detalhes disponíveis on-line sobre os testes com a vacina (na versão liofilizada e líquida), os primeiros 18 voluntários da forma liofilizada foram divididos em dois grupos de 9 pessoas. Cada um dos grupos recebeu uma única dose da vacina; a diferença entre eles era o adenovírus que servia de “transporte” para a proteína do novo coronavírus (veja explicação mais abaixo). Essa etapa correspondeu à fase 1 dos experimentos.
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A fase 2 foi a dos 20 voluntários, que começou os testes no dia 23 de junho. Essas pessoas receberam, além da primeira dose, um reforço, previsto para 21 dias após a primeira dose. Diferentemente dos 18 primeiros, todos os 20 voluntários da fase 2 receberam ambas as vacinas (cada uma com um tipo de adenovírus).
Em julho, a Rússia anunciou que a vacina induziu a produção de anticorpos na primeira fase de testes. No mesmo mês, a Universidade Sechenov, em Moscou, informou que outra versão da mesma vacina, em forma líquida, estava sendo testada em outros 38 voluntários em um hospital militar da capital russa. Os voluntários foram divididos da mesma forma que os da vacina liofilizada.
Os testes de fase 1 e 2 foram completados no dia 1º de agosto, segundo o site oficial da vacina.
“Nenhum participante dos atuais ensaios clínicos foi infectado com Covid-19 após ter a vacina administrada”, diz o site.
“A alta eficácia da vacina foi confirmada por testes de alta precisão para anticorpos no soro sanguíneo de voluntários (incluindo uma análise para anticorpos que neutralizam o coronavírus), bem como a capacidade das células imunes dos voluntários se ativarem em resposta à proteína S do coronavírus, que indica a formação de anticorpos e resposta imune celular”, afirma o texto.
Felix Ershov, membro da Academia Russa de Ciências, afirmou que a vacina é segura e eficaz.
“A segurança da vacina é garantida, pois utiliza um vírus do resfriado inofensivo para o homem e não contém o coronavírus propriamente dito, estando presente apenas uma parte de seu código genético, afastando assim a possibilidade de infecção”, declarou.
“Mas está garantida a produção dos anticorpos necessários à proteção do organismo, o que é demonstrado não só nos resultados dos testes, mas também na utilização de outras vacinas deste tipo”, acrescentou Ershov.
“Esta vacina não é integral como acontecia com as vacinas anteriores (vírus vivo ou inativado). Ela foi projetada com biotecnologia avançada”, completou.
O vice-diretor de Anestesiologia e Reanimação do Hospital nº 52 de Moscou, Sergey Tsarenko, comparou o mecanismo de funcionamento da vacina ao lançamento de uma nave espacial.
“Uma estação orbital, um filamento do coronavírus, é ligada ao adenovírus, inofensivo para os humanos, [que funciona] como um veículo de lançamento, e também pode ser lançado dentro do corpo humano”, disse.
“Depois disso, a imunidade é desenvolvida tanto para o ‘veículo lançador’ quanto para a ‘estação orbital’. Em seguida, três semanas depois, a mesma ‘estação orbital’ é lançada em outro ‘veículo de lançamento’, isto é, um adenovírus diferente”, explicou Tsarenko.
“Várias outras vacinas vetoriais estão sendo criadas em todo o mundo, mas até agora ninguém considerou a possibilidade de usar dois ‘veículos de lançamento’ para atingir esse objetivo. Além disso, os primeiros testadores foram funcionários do Instituto Gamaleya”, acrescentou.
“Em seguida, a vacina foi testada em outros voluntários. Não houve uma única complicação e todos os participantes exibiram uma poderosa resposta imunológica”, disse Tsarenko.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a vacina russa é “eficaz”, passou em todos os testes necessários e permitiu obter uma “imunidade estável” contra a Covid-19. Putin também disse que uma de suas filhas já tomou a vacina. Suas filhas são Maria, de 35 anos, e Ekaterina, 34, mas não há informação sobre qual delas tomou a vacina.
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