Vírus de Marburg: entenda a 'febre hemorrágica' que teve caso detectado na Guiné e ainda não tem vacina
Um homem contaminado pelo vírus morreu no dia 2 de agosto após o aparecimento dos sintomas em 25 de julho. Caso foi registrado em uma cidade no sul da Guiné, na fronteira com Serra Leoa e Libéria. Imagem de detalhe do vírus de Marburg
Arquivo/Dr. Fredrick Murphy/Sylvia Whitfield/CDC
O vírus de Marburg é um primo um pouco menos mortal do Ebola, para o qual não existem vacinas nem tratamento. Em 2 de agosto, um homem morreu na Guiné contaminado pelo vírus e agora mais de 150 pessoas são monitoradas no país. A doença causada pelo vírus se manifesta em febre alta acompanhada de hemorragia externa e interna, com mortalidade média de 50%.
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Abaixo, veja perguntas e respostas sobre o tema:
Onde surgiu o vírus?
Esse vírus, antes conhecido como febre hemorrágica de Marburg, foi batizado pela cidade alemã onde foi detectado pela primeira vez, em 1967, em um laboratório cuja equipe estava em contato com macacos com a doença, importados de Uganda.
No mesmo ano, dois outros surtos foram detectados em laboratórios em Frankfurt, Alemanha e em Belgrado (Iugoslávia, hoje Sérvia). Sete pessoas morreram da doença.
Como é transmitido?
O vírus faz parte da família dos filoviridae (filovírus), como o Ebola (com o qual compartilha muitas características), e é transmitido ao homem por meio de morcegos frugívoros (rousettus), geralmente considerados hospedeiros naturais desse vírus.
É transmitido entre humanos por contato direto com fluidos corporais de pessoas infectadas, ou com superfícies ou materiais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Quais são os sintomas?
Os primeiros sintomas da doença do vírus de Marburg são dores musculares, dor de cabeça e conjuntivite, seguidos por dor de garganta, vômitos, diarreia, erupções cutâneas e sangramento.
Isso torna difícil distinguir essa doença de outras condições, como malária, febre tifoide, cólera ou outras febres hemorrágicas virais.
A doença tem um período de incubação de 2 a 21 dias, segundo a OMS, e depois se manifesta repentinamente, com febre forte, dores de cabeça intensas e grande mal-estar.
Que tratamentos existem?
Não há vacina ou qualquer tratamento aprovado até o momento. De acordo com a OMS, vários tratamentos baseados em hemoderivados, imunoterapia e tratamentos com medicamentos estão sendo desenvolvidos.
A reidratação oral ou intravenosa e o tratamento de sintomas específicos melhoram a taxa de sobrevivência.
Mas é um vírus particularmente mortal, com uma média de uma morte em cada dois casos.
A taxa de mortalidade variou de 24% a 88% durante epidemias anteriores, dependendo da fonte viral e do manejo do caso.
Como frear uma eventual pandemia?
“Para prevenir a propagação massiva do vírus Marburg, deve-se agir agora”, disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África.
Para isso, o pesquisador e chefe do departamento de virologia do Instituto Pasteur de Dakar, Ousmane Faye, considera que “a vigilância deve ser reforçada, identificando todos os contatos próximos para poder isolá-los caso desenvolvam a doença, evitando assim a transmissão”.
Epidemias anteriores
Na África, epidemias anteriores e casos esporádicos ocorreram na África do Sul, Angola, Quênia, Uganda e República Democrática do Congo.
A epidemia mais grave registada até agora ocorreu em 2005, no norte de Angola, e deixou 329 mortos entre 374 pessoas infectadas.
Primeiro caso na África ocidental
O caso registrado em uma cidade no sul da Guiné, na fronteira com Serra Leoa e Libéria, é de um homem que morreu no dia 2 de agosto após o aparecimento dos sintomas em 25 de julho, informou a OMS. As autoridades monitoram cerca de 155 contatos próximos.
Destes, três membros da família do paciente falecido e um profissional de saúde foram determinados como contatos de alto risco e sua saúde é acompanhada de perto.
O caso da doença pelo vírus de Marburg foi detectado apenas dois meses depois que a Guiné, um dos países mais pobres do mundo, declarou o fim da epidemia de Ebola que eclodiu no país no início do ano, deixando doze mortos. A vigilância nas fronteiras foi reforçada.
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