Análise: Processo de impeachment sempre foi para constranger os republicanos
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Trump se livrou do impeachment, mas seus problemas na Justiça estão apenas começando O segundo processo de impeachment contra Donald Trump nunca foi realmente para condenar o ex-presidente dos Estados Unidos. Era mais que sabido que não haveria os votos necessários no Senado. O processo teve um objetivo mais político, que foi constranger e rachar ainda mais os republicanos. Quanto a Trump, ele se livrou do impeachment, mas tem pouco a comemorar. Agora que não tem mais imunidade, será alvo de dezenas de ações na Justiça, onde seus problemas estão apenas começando.
Trump foi acusado, no processo de impeachment, de incitar uma insurreição. Segundo a acusação, ele estimulou e orientou seus simpatizantes a atacarem o Capitólio em 6 de janeiro, durante a sessão conjunta do Congresso que ratificaria a vitória de Joe Biden nas eleições de novembro.
Ainda que houvesse o desejo sincero de muitos democratas e não democratas de punir o presidente pelo seu comportamento nesse episódio, considerado por muitos como um dos piores ataques à democracia nos EUA, desde antes da abertura do processo de impeachment era evidente que a condenação não passaria no Senado.
Stefani Reynolds/Bloomberg
O Senado dos EUA está dividido pela metade, com 50 democratas e 50 republicanos. Nos projetos que requerem maioria simples, se houver empate o voto de Minerva é dado pela vice-presidente, Kamala Harris, que é também presidente do Senado. Mas, numa votação de impeachment, é preciso uma maioria absoluta de dois terços dos senadores, isto é, 67 votos.
No primeiro processo de impeachment contra Trump, no início de 2020, apenas um senador republicano votou contra o presidente. Desta vez, cinco senadores republicanos já haviam indicado que votariam pela condenação. Ao final, 57 votaram pela condenação e 43 pela absolvição. Sem a maioria necessário, Trump acabou absolvido.
Se a condenação era pavimente impossível, por que os democratas avançaram com o processo de impeachment? Principalmente por dois motivos. Primeiro, houve pressão interna no partido: muitos democratas (e não democratas) achavam que Trump não poderia se safar sem ao mesmo passar pelo vexame de ser o único presidente a sofrer dois processos de impeachment. Segundo, o processo forçou 197 deputados e 43 senadores republicanos a publicamente votar pela não condenação do presidente. Esses deputados e senadores logo terão de responder aos eleitores americanos por isso.
Segundo uma pesquisa publicada nesta semana pelo site Vox, 69% dos eleitores republicanos disseram que estarão menos inclinados a votar num senador que absolveu Trump. Outra pesquisa, do instituto Ipsos, indicou que 47% dos americanos apoiavam a condenação do ex-presidente, ante 40% que eram contra e 13% de indecisos.
Assim, o processo de impeachment funcionou como um constrangimento para políticos republicanos. Isso já funcionou para os democratas. No segundo turno das eleições para duas cadeiras ao Senado no Estado da Geórgia, em 5 de janeiro, os dois senadores republicanos foram prejudicados por terem de defender publicamente as acusações de Trump de que a eleição presidencial havia sido fraudada. Eles acabaram sendo derrotados pelos adversários democratas.
Trump se livrou de um processo que, no máximo, o faria perder os seus direitos políticos. Mas agora que perdeu a imunidade por não ser mais presidente, ele deverá ser alvo de dezenas de ações judiciais pelo país, que cobrirão desde questões eleitorais, de sonegação de impostos e irregularidades em suas empresas até, possivelmente, sua responsabilidade no episódio da invasão do Congresso. Sua equipe de advogados terá muito trabalho pela frente.
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