Com quase a totalidade das urnas apuradas, abstenções representam 23,14%
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Índice é um dos maiores da história para a primeira etapa da disputa para prefeitos e vereadores; no primeiro turno de 2016, o índice atingiu 17,6% Com 99,79% das urnas apuradas, segundo o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os dados indicam que essas eleições foram marcadas por um dos maiores índices de abstenção da história para a primeira etapa da disputa para prefeitos e vereadores. A ausência do eleitorado na votação municipal atinge 23,14% da apuração quase finalizada.
Nas três eleições anteriores, a tendência vinha sendo de alta gradual, atingindo 17,6% de abstenções no primeiro turno de 2016. Devido à pandemia, alta significativa de ausências já era esperada.
Em algumas capitais este ano, os dados mostravam números expressivos de abstenções: no Rio de Janeiro, com 99,98% da apuração concluída, as abstenções somaram 28,08%. Em Rondônia, onde a apuração foi finalizada, esse número foi de 27,81%. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, o dado é parecido, com 27,30% de abstenções. O menor índice é do Piauí, com 15,42%. Historicamente, a média de pessoas que não comparece para votar no Brasil é de duas em cada 10, considerando também os desempenhos de segundo turno.
Murilo Gaspardo, coordenador e professor na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), afirma que números assim ajudam a compreender os diferentes contextos políticos e sociais de um país do tamanho do Brasil. Ele ressalta que é importante analisar não apenas as abstenções ou votos em branco e nulos na média total, mas em cada município, para interpretar melhor o que eles significam.
“É necessário fazer um recorte local. Não dá para dizer apenas que a pandemia afasta as pessoas das urnas, até porque vimos um comportamento bem diferente de boa parte da população nos últimos meses, que não era de um grande temor. Para entender as ausências, é mais importante olhar o contexto dos municípios, como a pandemia foi sentida neles e aí sim fazer a leitura de brancos, nulos e abstenções”, comenta.
“Eleições municipais já empolgam pouco, ainda mais em um contexto que envolve pandemia, crise econômica e campanhas feitas de maneira quase totalmente digital”, diz Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). “Ficou muito mais difícil atrair o interesse da população e isso é refletido em um aumento de abstenções, reforçando uma tendência de desinteresse que já vinha crescendo nos últimos pleitos”, afirma.
Candidatos e especialistas em política acompanham de perto esses números, que podem ter alterado o jogo eleitoral. A soma de ausentes na votação, votos em branco e votos nulos representam a chamada alienação do voto, ou seja, o percentual do eleitorado que não é efetivo e assim não contribui na definição dos candidatos vencedores. Para Grin, a escolha este ano de um candidato a prefeito ou vereador acaba perdendo peso diante da realidade enfrentada pelos brasileiros, que envolve perda de renda, alto índice de desemprego e a morte de pessoas próximas por covid-19.
Na avaliação de Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, o resultado de abstenções poderia ser ainda pior. O número não é muito dissonante, por exemplo, do segundo turno de 2016, quando as abstenções representaram 21,55%. Para Melo, essa eleição é marcada pela “desilusão com a desilusão”, em um movimento que teve início com a eleição de candidatos vindo de fora do sistema político tradicional (os chamados outsiders) em 2018, como um voto de protesto, que agora é direcionado para um ponto de maior equilíbrio.
“O maior exemplo disso talvez seja o Wilson Witzel [eleito governador do Rio de Janeiro em 2018 e que passa por processo de impeachment], que mostrou ser mais do mesmo”, diz Melo. Assim, ele compara o movimento atual como o de um pêndulo: nos últimos anos, eleitores foram de um extremo ao outro do espectro político, mas agora buscam outra vez a política tradicional quando comparecem às urnas.
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