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Em balanço, Araújo ataca embaixador da China e influência da "cleptocracia" no Itamaraty

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Em balanço, Araújo ataca embaixador da China e influência da "cleptocracia" no Itamaraty

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Esta é a primeira vez que o ex-chanceler se pronunciou publicamente desde sua saída do Ministério das Relações Exteriores O ex-chanceler Ernesto Araújo publicou neste sábado um balanço dos dois anos e três meses de sua gestão em que critica o “comportamento absolutamente inaceitável” do embaixador da China no Brasil, diz que tentou “libertar o Itamaraty das masmorras da cleptocracia” e afirma ter colocado a diplomacia brasileira como instrumento de combate ao “fenômeno pernicioso da junção narcotráfico-corrupção socialismo na América Latina”.

Em um longo texto (73 parágrafos) postado em seu blog pessoal, Araújo se pronunciou publicamente pela primeira vez desde sua saída do Ministério das Relações Exteriores, no dia 29 de março. Ele caiu em meio a duras críticas do Senado e foi substituído pelo diplomata Carlos França.

Usando tom fortemente autoelogioso em todo o texto, Araújo abordou temas diferentes, da estratégia no Mercosul às negociações comerciais, da aliança com os Estados Unidos Unidos ao relacionamento com a China, passando pelas mudanças na Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) — centro de promoção da política externa vinculado ao Itamaraty — e pelas críticas de seus antecessores ou de seus próprios colegas à sua condução do ministério.

“Não me surpreendeu a hostilidade do ‘establishment’ brasileiro de política externa, formado por Embaixadores aposentados lobistas, ex-Ministros acusados de corrupção ou ligados a empresas acusadas de corrupção, ex-Presidentes corruptos ou acusados de corrupção, parlamentares acusados de corrupção, escritórios de lobby de países estrangeiros disfarçados de institutos de pesquisa, acadêmicos e comentaristas ligados direta ou indiretamente ao grande sistema corrupto que quer estrangular o Brasil”, escreveu Araújo.

Cinco parágrafos foram dedicados especificamente à China. Neles, o ex-chanceler começa assegurando ter mantido “relações produtivas” com o país e “evitado atritos” em torno de questões como Hong Kong e Taiwan, bem como as acusações de que Pequim desrespeita os direitos humanos da minoria uigure na Província de Xinjiang. Também nega qualquer problema no fluxo de vacinas e insumos ao Brasil.

Em seguida, sem citá-lo nominalmente, Araújo critica o embaixador Yang Wanming, que exigiu um pedido de desculpas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por ataques feitos à China. “Em diferentes oportunidades, tive de exigir da Embaixada chinesa em Brasília o respeito ao Brasil e suas leis, após ofensas dirigidas pelo Embaixador da China ao Presidente da República e questionamentos da liberdade de expressão vigente do Brasil, inclusive com ameaças contra cidadãos brasileiros que proferissem ideias consideradas prejudiciais à China — comportamento absolutamente inaceitável por parte de um representante diplomático e pelo qual, em circunstâncias análogas, governos de vários países têm também repreendido, duramente, Embaixadores chineses”.

O ex-chanceler alerta que é “absolutamente realista” notar que a China “possui hoje ambições de expansão mundial de sua influência política e ideológica através da projeção do poder econômico e tecnológico”. “Construí, em minha gestão, uma política não de afastamento em relação à China, mas de objetividade e cautela”, argumentou.

Edilson Rodrigues/Agência Senado

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