Governadores cobram vacinas e preparam 'pacto nacional' contra covid-19
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Governadores de ao menos 22 Estados preparam um pacto nacional com medidas conjuntas para conter o alastramento do coronavírus no país. As medidas ocorrem em meio à insatisfação dos Estados com o que veem como uma falta de liderança do governo federal – e do presidente Jair Bolsonaro, em particular, sobre o tema, no momento em que o número de mortes cresce vertiginosamente no país com o colapso do sistema de saúde em vários Estados.
Os governadores cobram também o Ministério da Saúde pela falta de vacinas e tentam forçar Brasília a facilitar negociações diretas entre Estados e laboratórios.
Segundo apurou o Valor, a ideia dos governadores é promover medidas restritivas idênticas de maneira simultânea em todos os Estados. Não se trata de um “lockdown nacional”, como secretários de Saúde chegaram a pedir ao ministério, mas deve ser produzido um documento com iniciativas a serem adotadas em todos os Estados de maneira coordenada.
Embora epidemiologistas recomendem que as restrições sejam feitas de acordo com a situação de cada local, os governadores entendem que um pacto nacional desse tipo pode ter um “caráter educativo” para que a população entenda a gravidade da situação no momento. Os gestores creem que faltou por parte do governo federal essa iniciativa de conscientizar a população.
Entre os governadores que já concordaram em adotar as medidas estão aliados do presidente Jair Bolsonaro, como Ronaldo Caiado, de Goiás, e Cládio Castro, do Rio. Até o momento, 22 aderiram à iniciativa. Ainda faltavam as adesões de Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia, Tocantins e Acre.
Amanhã, Castro e Wellington Dias (PI), que representa o Fórum de Governadores, se reúnem no Rio com representantes da Fiocruz. Também é esperada a participação do ministro Eduardo Pazuello.
Eles discutirão o atraso no cronograma de vacinação do ministério, que na última sexta-feira anunciou uma redução de 8 milhões de doses na previsão de um total de 46 milhões de doses de vacinas a serem entregues em março.
O anúncio, no momento em que o Brasil se aproxima das 2 mil mortes diárias causadas pela covid-19, deixou os governadores alarmados.
Por trás da cobrança pelas vacinas, está a intenção dos governadores de negociar a compra de imunizantes diretamente com laboratórios, algo que o governo federal não quer permitir para não perder o protagonismo da vacinação.
Ontem, em vídeo divulgado à imprensa, Dias fez menção à redução na previsão de entregas da vacina da AstraZeneca. E disse que é “agora é preciso garantir segurança”.
“Isso ajuda no planejamento, ajuda na meta inclusive para que possamos vacinar todo grupo com mais de 60 anos, esse grupo com comorbidades, esse grupo que responde por 70% das internações e dos óbitos”, disse o governador. “Reduzir a pressão de internação e dos óbitos é uma meta que queremos atingir. E essa vacinação de março e abril é fundamental.”
Segundo ele, o encontro com Pazuello e os representantes da Fiocruz “é fundamental para a segurança em todo o cronograma de vacinação”.
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