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Milhares vão às ruas em Mianmar desafiando Forças Armadas

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Milhares vão às ruas em Mianmar desafiando Forças Armadas

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Crise no país asiático pôs fim à recente transição democrática após reacender a tensão entre o governo civil e as Forças Armadas No oitavo dia seguido de protestos contra o golpe de Estado em Mianmar, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas neste sábado desafiar as Forças Armadas, que avisaram que estão à procura de sete ativistas acusados de ameaçar a estabilidade nacional por seus comentários nas redes sociais.
Entre os procurados, está Min Ko Naing, que liderou os protestos reprimidos violentamente em 1988 e apoiou as atuais manifestações e a campanha de desobediência civil.

Os militares tomaram o poder em 1º de fevereiro e prenderam a chefe do governo e principal líder civil do país, Aung San Suu Kyi, o presidente Win Myint e outras autoridades da Liga Nacional pela Democracia (LND), que havia vencido as eleições.

AP
A crise no país asiático pôs fim à recente transição democrática após reacender a tensão entre o governo civil e as Forças Armadas – que comandaram o país entre 1962 e 2011 – e gerou preocupação pela volta à antiga era de repressão.

Segundo a junta militar neste sábado, as pessoas devem avisar a polícia se virem um dos sete ativistas procurados e serão punidas se os protegerem.

Os casos estão sendo enquadrados em um artigo do código penal que era frequentemente usado pelas juntas anteriores e que impõe penas de até dois anos de prisão por comentários que possam causar alarme ou “ameaçar a tranquilidade”.

Uma das procuradas respondeu aos militares em sua página no Facebook, onde tem mais de 1,6 milhão de seguidores. “Tenho tanto orgulho de ser procurada com Min Ko Naing. Peguem-me se forem capazes”, escreveu.

De acordo com a Organização das Nações Unidas, mais de 350 pessoas já foram presas em Mianmar desde a tomada do poder pelos militares.

A jornalista Shwe Yee Win, que cobria a oposição ao golpe, foi levada por soldados na quinta-feira, e sua família não teve notícias dela. “Ela não conseguiu nem colocar os sapatos antes de a levarem”, disse a mãe dela, Thein Thein, que ficou cuidando do neto de 1 ano.

Para tentar impedir a prisão de ativistas, manifestantes montaram comitês de vigilância cidadã, que desafiam o toque de recolher, válido a partir das 20h, e vão às ruas ao sinal de operações policiais em busca de dissidentes.

Em Pathein (no sul do país), centenas de pessoas marcharam à noite em direção ao hospital público, algumas armadas com varas ou barras de ferro, para tentar defender o responsável médico do hospital, depois que souberam que havia sido preso pelo Exército.

O médico, que se unira ao movimento de desobediência civil lançado nas primeiras horas após o golpe, foi detido enquanto atendia um paciente.

Em Rangoon, médicos, estudantes e funcionários do setor privado marcharam por uma das principais avenidas da cidade, também desobedecendo a proibição de se reunir.

“Retornaremos ao trabalho somente quando o governo civil da ‘Mãe Suu’ Kyi for restabelecido. Pouco importam as ameaças”, declarou à agência AFP o médico Wai Yan Phyo, 24, antes de a multidão se dispersar.

Desde o golpe, a opositora Suu Kyi não foi vista em público. De acordo com membros da LND, ela está em prisão domiciliar, mas se encontra “bem de saúde”.

A ativista e vencedora do Nobel da Paz de 1991 continua extremamente popular, apesar dos danos à sua reputação internacional devido à situação da minoria rohingya.

Houve protestos também em outras cidades, com jovens que cantavam rap e dançavam “coreografias antigolpe”.

A maioria dos protestos foi pacífica, mas a tensão era palpável.

As forças de segurança dispersaram brutalmente uma manifestação no sul do país. Várias pessoas ficaram levemente feridas por balas de borracha e pelo menos outras cinco foram detidas.

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