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Fayga Ostrower dá início ao 2021 da Pinacoteca de SP

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Fayga Ostrower dá início ao 2021 da Pinacoteca de SP

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Uma das pioneiras da abstração no Brasil, artista teve comemorações de centenário de nascimento adiadas devido à pandemia Artista que colocava preocupações sociais em pé de igualdade com questões formais e plásticas na sua produção e vida, Fayga Ostrower (1920-2001) apenas agora começa a receber as homenagens públicas que estavam previstas para ocorrer em 2020, ano do seu centenário de nascimento. Mesmo o pontapé inicial das celebrações, a exposição “Fayga Ostrower- Imaginação Tangível”, que reúne 130 de seus trabalhos na Estação Pinacoteca a partir desta segunda-feira (dia 1º de fevereiro), teve um leve adiamento, devido à nova fase vermelha da quarentena decretada no Estado de São Paulo — uma questão sanitária e social.
“Fayga era uma humanista, talvez seja uma definição e uma atitude difíceis de entender hoje em dia, quando essa qualidade, esse aspecto da filosofia, anda tão negligenciada pelas situações que estamos passando”, diz o curador desta exposição, Carlos Martins, que tem uma relação próxima com a artista desde 1983, quando organizou uma retrospectiva marcando os 40 anos de sua obra gráfica, no Museu Nacional de Belas Artes (MnBA), no Rio.
Nascida na Polônia e naturalizada brasileira, Fayga chegou ainda adolescente ao Rio de Janeiro em 1934, buscando refúgio do regime nazista. Gravadora, desenhista, ilustradora e pintora, ela foi uma das pioneiras da gravura abstrata no país e um dos principais nomes locais do abstracionismo. Apesar do reconhecimento crítico e da presença constante em exposições individuais e coletivas em importantes instituições desde os anos 1950, Fayga ainda não é desses nomes imediatamente reconhecidos por um público mais amplo ou disputados em leilões.
Ilustração de Fayga Ostrower para o livro “A Terra Inútil” (1956)
Divulgação/Acervo Cedoc
A exposição na Estação Pinacoteca, que antecede iniciativas previstas para ocorrer também no MnBA e no Museu de Arte Moderna, no Rio; e no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), é fortemente impulsionada pela iniciativa do Instituto Fayga Ostrower, fundado em 2002 com a presidência de Anna Leonor Ostrower, filha da artista. Pela segunda vez, a Pinacoteca recebeu uma doação dessa família, desta vez com 41 obras que servem de base à exposição.
Dividida em três núcleos, a exposição evidencia aspectos importantes não apenas na carreira de Fayga, mas da cena artística de diferentes momentos do país, para mostrar a diversidade de sua produção, em gravura, xilogravura, serigrafia, litografia e aquarela, entre outros. Tecidos estampados e cartazes, que fazem parte do acervo doado, serão exibidos pela primeira vez ao público.
“Fayga é protagonista da perda da hegemonia da figuração no Brasil”, diz Martins. “Até os anos 50, era arte figurativa — e pronto.”
No cenário do pós-Segunda-Guerra Mundial (1939-1945), governo e empresariado buscavam um certo ar de modernidade para o país, e a arte beneficou-se com a abertura de importantes aparelhos culturais, como o Masp e o Mam, além da ventilação proporcionado pelas vanguardas principalmente dos Estados Unidos — era o momento do expressionismo abstrato de Jackson Pollock (1912-1956) e Mark Rothko (1903-1970), entre outros.
“Gótico” (1956), serigrafia sobre tecido, de Fayga Ostrower
Acervo Fayga Ostrower
Até então autodidata, Fayga passou a frequentar, em 1946, o curso Desenho de Propaganda e das Artes Gráficas, de vida breve, mas influente, da Fundação Getulio Vargas do Rio. Apesar de ter nomes como Oswaldo Goeldi (1895-1961), Lasar Segall (1889-1957) e Lívio Abramo (1903-1992), a gravura no Brasil ainda era considerada uma atividade coadjuvante. Influências desses artistas, como o expressionismo alemão e as gravuras realistas de cunho social de Käthe Kollwitz (1867-1945), inicialmente foram o norte de Fayga.
É dessa fase de anos de formação que a exposição reúne gravuras que a artista produziu para livros ou jornais, como uma edição de 1948 de “O Cortiço” (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913), ou a capa de “Invenção de Orfeu” (1952), de Jorge de Lima (1893-1953).
Se já nas suas exposições iniciais Fayga recebia atenção e elogios de alguns dos principais críticos da época, como Mário Pedrosa (1900-1981) e Sérgio Milliet (1898-1966), a artista também era questionada sobre sua tendência à abstração, caminho que incomodava o status quo da figuração.
“Em 1953, ela se desgruda da panela do figurativismo”, diz Martins. Nesse ponto de virada, que incluiu uma temporada de estudos nos EUA, as figuras se dissolvem para dar espaço a traços, linhas, blocos de cores, formas e padrões. A série “10 Gravuras” (1956), composta por cinco xilogravuras e cinco gravuras em metal, consolida o que se tornaria a persona estilística de Fayga. Nas composições agora puramente gráficas, seriam a forma, o ritmo e a cor a determinar o campo visual da artista.
Ilustração de Fayga Ostrower para a capa de “Invenção de Orfeu”
Divulgação/Acervo Cedoc
Libertada da camisa de força da figuração, momento destacada no segundo núcleo da exposição, o trabalho de Fayga alçou voo. Em 1957, ela ganhou o prêmio de gravura na Bienal de São Paulo, e, no ano seguinte, o Grande Prêmio Internacional de Gravura na Bienal de Veneza.
É a partir desse momento que a visão mais ampla de Fayga torna-se mais clara. Naquele período de efervescência da arquitetura e do design no país, ela começou a produzir tecidos com estampas abstratas — uma arte aplicada em móveis ou roupas. Uma das motivações era “tornar a arte moderna mais acessível”, como relatou a artista à curadora e jornalista Adélia Borges, em texto do catálogo: “Se a máquina pode fazer coisas feias, pode fazer também coisas bonitas. Procurei várias fábricas de tecidos de decoração oferecendo meus desenhos, mas eles recusavam porque queriam motivos florais, e o meu desenho era abstrato. E eu não queria fazer flores”. Fayga iniciou uma produção própria, da qual a Pinacoteca exibe uma seleção inédita de 19 mostruários, produzidos entre 1951 e 1956.
Esse interesse em chegar a um público mais amplo, para além de colecionadores ou instituições, levou Fayga a escrever e publicar livros, tornando-se uma educadora e teórica da arte. “O primeiro livro que escreveu, sobre arte e percepção artística, é fruto de um curso que ela deu para operários, em plena época de ditadura militar”, diz Martins, referindo-se a “Universos da Arte”, que seria seguido por mais cinco livros — o último, “A Sensibilidade do Intelecto”, ganhou um prêmio Jabuti em 1999.
O terceiro núcleo da exposição, com trabalhos do final dos anos 1960, reúne técnicas variadas da produção de Fayga, como serigrafia e litografia, além de uma produção gráfica que inclui cartazes de divulgação que ela produziu para suas próprias exposições.
Capa do Almanaque Correio da Manhã (1956), por Fayga Ostrower
Divulgação/Acervo Cedoc
Apesar da variedade de atuação, Martins acredita que falta ainda um reconhecimento maior não apenas a Fayga, mas a colegas de geração que seguiram uma trilha artística semelhante. Se a abstração já despontava no começo do século XX, na representação visual de nomes como Wassily Kandinsky (1866-1944), Paul Klee (1879-1940) e Piet Mondrian (1872-1944), que buscavam uma aproximação com um plano espiritual na arte, aqui no Brasil esse grupo ficou disperso, segundo o curador. “O humanismo de Fayga é puramente espiritual. Ela tinha uma crença no ser humano, na raça humana, e ela queria de alguma forma ajudar no crescimento”, diz Martins.
“Abstração expressionista, ou abstração lírica: no Brasil, não se definiu precisamente um nome para esse tipo de produção artística”, diz o curador, referindo-se a artistas que fizeram vida e obra no país, como, além de Fayga, Tomie Ohtake (1913-2015), Yolanda Mohalyi (1909-1978) e Manabu Mabe (1924-1997), entre outros. “Ficou tudo meio generalizado, não há estudos ou pesquisas maiores sobre essa produção, sobre o peso desse conteúdo na arte do país, que considero superimportante. A historiografia acabou elegendo os geométricos e construtivos como a grande produção artística brasileira.” Artistas como Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), por exemplo, são há anos presenças frequentes em disputados leilões internacionais e estudos acadêmicos. “Existe um comentário frequente, no meio da arte: ‘Se não é arte construtiva, não é interessante’”, diz Martins.
Não deixa de ser uma ironia, no entanto, que Fayga, uma artista que inovou e desafiou a tradição, tenha se tornado uma ferrenha crítica de movimentos pós-modernos, como a pop arte e a arte conceitual, além de contemporâneos “blockbusters” como Damien Hirst.
“Isso foi motivo de grandes brigas entre nós”, diz Martins. Fayga criticava não apenas artistas, mas curadores, críticos e jornalistas que contribuem para a consagração dessa parte da produção mundial. Em um texto publicado em 2002 na revista “Pólis”, ela escreveu: “Mediocridade. É difícil ignorar o crescente senso de perplexidade do público diante de tais obras, ainda mais quando acompanhadas de explicações tão grandiloquentes quanto vazias. Algo deve estar muito errado”.
Há também um tom de reação ao mundo: “A profunda crise de valores por que passa nossa sociedade manifesta-se também, como não poderia deixar de ser, na arte”. Poeta e crítico de arte associado ao concretismo e ao neoconcretismo, Ferreira Gullar (1930-2016) foi também outra personalidade que reagia com horror à produção contemporânea, em suas colunas semanais no jornal “Folha de S. Paulo”.
“Eu questionava muito essa posição”, diz Martins. “Mas ela ficou muito blindada em conceitos muito puros, na essência do que seriam a produção artística e a função do artista. Ela fechou porta e janela da casa dela, e não via direito o que acontecia no mundo das artes.”
Martins conta que, desde o início da pandemia, tem assistido a muitos vídeos e documentários no YouTube produzidos recentemente, nos EUA e na Europa, sobre o expressionismo abstrato americano do pós-guerra. “Fico impressionado com o respeito que é dado às obras desses artistas. A produção deles é que é vista hoje. Isso não acontece no Brasil. A obra não é devidamente analisada.”
“Fayga Ostrower- Imaginação Tangível” dá início à programação 2021 da Pinacoteca, que inclui mais oito exposições. Entre elas estão individuais de artistas como Rosângela Rennó e José Damasceno; e as coletivas “Véxoa: Nós Sabemos”, de arte contemporânea indígena; e “Enciclopédia Negra”, projeto organizado por Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz.
Exposição: “Fayga Ostrower- Imaginação Tangível”
Quando: 1º de fevereiro a 31 de maio de 2021
Onde: Estação Pinacoteca (largo General Osório, 66, Santa Ifigênia, São Paulo). De quarta a segunda, das 10h às 18h. Entrada gratuita, mas apenas com reserva pelo site www.pinacoteca.org.br.
Visitantes: o público terá a sua temperatura aferida, e quem estiver com temperatura acima de 37,2° e/ou mostrar sintomas e gripe/resfriado deverá buscar ajuda médica e não poderá acessar o museu. O uso de máscara será obrigatório em todos os espaços e durante toda a visita. Não será permitido tirar a máscara em nenhum momento, como por exemplo para fotografias/selfies. Os espaços terão álcool gel para a higienização das mãos, além de uma sinalização que indicará o sentido de circulação e o distanciamento mínimo de 1,5m entre pessoas.

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